Cristianismo e Islamismo

Padre Judinei Vanzeto

 O fio condutor para compreender a Idade Média é o sincretismo entre o conhecimento greco-romano e as crenças religiosas que surgiram nesse período: o Cristianismo e o Islamismo. Desse modo, um dos principais esforços dos filósofos medievais foi o de fornecer argumentos racionais para justificar as verdades reveladas da Igreja Cristã Católica e da Religião Islâmica, como, por exemplo, provar a existência de Deus e a imortalidade da alma. Todavia, trato aqui apenas dos fundamentos cristãos dos primeiros séculos do Cristianismo.

O primeiro esforço aconteceu com os apóstolos de Jesus Cristo: João, Paulo e Pedro. Depois continuou com os Padres da Igreja, com o objetivo de conciliar o Cristianismo com o pensamento filosófico vigente. A defesa da fé cristã era a principal tarefa frente às críticas advindas de valores teóricos e morais determinados pelos “antigos” filósofos gregos.

Os Padres da Igreja são conhecidos também como Santos Padres ou Pais da Igreja. Os Padres da Igreja são todos aqueles influentes teólogos cristãos e bispos dos séculos II a IV d.C., que com a filosofia teologizaram em prol da fé cristã. Suas reflexões foram e são utilizadas no embasamento teológico cristão até nossos dias. Foram eles que fizeram a distinção entre a autêntica doutrina e as heresias, bem como interpretaram corretamente a Sagrada Escritura e registraram a Sagrada Tradição. Hoje, o estudo de seus escritos chama-se Patrística. 

Patrística é a denominação dada à filosofia cristã dos primeiros séculos, elaborada pelos Padres da Igreja, pois eles foram os primeiros teóricos na elaboração doutrinal das verdades de fé do Cristianismo na defesa contra os ataques dos pagãos e contra as heresias.

Alguns dos Padres da Igreja que se destacaram na argumentação filosófica em prol da fé cristã foram Justino, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Nazianzo, Basílio Magno e Gregório de Nissa. Eles representam a primeira tentativa de conciliação entre os princípios da Filosofia grega (Epicurismo, Estoicismo, Platão, Sofistas, Aristóteles, Pitagóricos e Neoplatônicos) com os ensinamentos cristãos. Eles também são conhecidos por apologistas. “Apologia”, em poucas palavras, significa “aquele que defende uma verdade ou doutrina”.

Os Pais da Igreja são os responsáveis por confirmar e defender a fé e a liturgia, bem como propor uma disciplina e novos costumes. Eles decidiram os rumos da Igreja por muitos séculos. A Patrística, portanto, é a filosofia responsável pela elaboração dos dogmas cristãos e pela Sagrada Tradição ou o chamado Magistério da Igreja, ou seja, o ensinamento da fé da Igreja Católica.

São João Paulo II, por sua vez, na Carta Encíclica “Fides et ratio”, divulgada em 14 de setembro de 1998, afirma: “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.

Atualmente, o teólogo José Antonio Pagola, compreende que a metafísica (filosofia além da física) utilizada por longos séculos carece de uma atualização perante aos novos conceitos emergentes na atualidade. O Jesus histórico foi apresentando muito divino e, de certa forma, se distancia da realidade humana. Não obstante, Jesus é cem por cento divino e cem por cento humano, mas foi muito destacada a sua divindade, deixando um pouco de lado a sua aproximação humana, pois Ele se encarnou e assumiu a humanidade por completa.

Padre, jornalista, diretor administrativo da Rádio Vicente Pallotti, gestor da Unilasalle/Fapas Polo Coronel Vivida e pároco da Paróquia São Roque de Coronel Vivida-PR

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