Celebrando a Páscoa com a pandemia indo embora

Dirceu Antonio Ruaro

Amigos leitores, passamos a Páscoa de 2020 como um sobressalto. De repente, não conseguimos nos reunir, ver nossos entes queridos, comemorar a vida. Sim, comemorar a vida porque era a morte que nos rondava.

Em 2021 a Páscoa ainda em plena pandemia provocava reflexões profundas em cada um de nós, mesmo que não parássemos para pensar, a realidade se impunha fria e terrível.

Quantos amigos, parentes, familiares enfim não estavam mais entre nós para celebrar a Páscoa.

Vivemos a Páscoa de 2020 e 2021 com momentos de muitas incertezas, angústias, provações.

E é interessante observar que, o tempo de Páscoa, para a cristandade, é um tempo de renovação, de comemoração da vitória da vida sobre a morte. É um tempo para renovar as esperanças em dias melhores.

Atravessamos o pior tempo e chegamos agora a um novo tempo. A Páscoa de 2022 não será igual à Páscoa de outros tempos, mesmo de antes da pandemia.

Imagino que a simbologia da Páscoa, nesse ano, ganhe novo sentido, quem sabe uma renovação. Para nós, cristãos, a Páscoa tem uma simbologia desde a sua origem, desde a libertação da escravidão do povo hebreu do Egito à conquista da Terra Prometida. Desde o nascimento, a condenação e morte à ressurreição do Salvador Jesus Cristo. A Páscoa sempre renova a esperança nas pessoas, na humanidade e serve de alento. Renova a expectativa de dias melhores.

Penso que, nesse ano de 2022, a esperança, a renovação da vida, a vitória sobre a morte, tem um novo sentido, um novo alento, uma nova esperança.

As famílias, especialmente aquelas cujos parentes mais afastados ainda não conseguiram se reencontrar terão, agora, uma oportunidade ímpar de reencontro.

Certamente a celebração da vida em família ganhará novo e profundo significado, a reflexão, as mudanças, as transformações internas que sofremos darão novo significado ao nosso “renascimento”, a nossa renovação e aos nossos sentimentos.

Mais do que nunca o sentido do “renascimento” estará fluindo à flor da pele de cada um de nós e, certamente o sentido da “ressurreição” trará para todos uma nova visão de vida e de relacionamentos familiares.

Sinto que, mais do que nunca, a Páscoa de 2022 tem uma simbologia diferente sobre o triunfo da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, da justiça sobre a injustiça.

A Páscoa de 2022 provoca a oportunidade de refletirmos sobre o verdadeiro significado da vida, sobre a importância da família, dos relacionamentos fraternos e amorosos em família.

Se quisermos, no contexto de retorno, de retomada que estamos vivendo, repleto de perdas, desafios, angústias e dúvidas pelas quais passamos, a comemoração da Páscoa pode nos oportunizar olharmos para o horizonte coma mias fé e esperança.

Penso que a experiência que vivemos na pandemia tenha nos ensinado a valorizar as pessoas que são importantes para nós, nossos pais, nossos filhos, netos, tios, tias, primos, amigos, ou seja, nossas famílias. Aprendemos, com o distanciamento forçado, o quanto é preciso valorizar cada momento ao lado das pessoas que são importantes para nós. A experiência nos mostrou que a vida não faz pausas.

Ainda estamos em processo de retomada. Nessa semana, em especial, é um tempo de acolhimento, de empatia. De colocar-se no lugar do outro. Por isso, mesmo que de certa forma cansados da pandemia, precisamos aprender a ouvir o outro.

Muitos de nós nos reencontraremos pela primeira vez, depois da amarga experiência do isolamento. E, quantos e quantos “amigos conhecidos”, quererão falar, contar o que passaram.

É o tempo da escuta, da empatia, da redescoberta do valor da vida. É o momento de estar disposto a escutar e acolher outras pessoas de forma sincera.

Nessa pausa que fazemos nesses três dias que antecedem a comemoração da vitória da vida sobre a morte, nesse tríduo pascal, precisamos ter a consciência que o tempo é de celebrar o amor e o triunfo de Jesus Cristo, mas é também momento de refletir, de renovar e mudar para melhor,  de se “reinventar” como pessoa e de “reinventar” e valorizar os relacionamentos pessoais, especialmente os familiares, amando e respeitando a todos, como nos ensinou Aquele que venceu a morte, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.

Doutor em Educação pela UNICAMP, Psicopedagogo Clínico-Institucional e Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER

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