Na educação dos filhos é preciso saber conversar e, especialmente, saber ouvir

Dirceu Antonio Ruaro

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Prezados, pais/mães e educadores, no contexto atual, parece que uma questão se manifesta muito clara: a necessidade de saber conversar com os filhos.

Não se pode mais pretender que haja assuntos dos quais “não se fala com os filhos”. Esse tempo já passou e, graças a Deus, está bem enterrado. A pós-modernidade e a formação das pessoas trouxeram para dentro de casa, a liberdade de expressão e de pensamento sobre todos os assuntos.

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Aquilo que ainda era muito comum na segunda metade do século XX, teve todas as barreiras superadas e, hoje, as crianças e adolescentes, trazem para suas conversas com seus pais e educadores todo e qualquer assunto.

É claro que, ainda há pais que não se sentem “preparados” o suficiente para conversar abertamente sobre qualquer assunto. É, de certa forma, normal. Muitos pais são produto de uma educação patriarcal e opressora. O importante é buscar entender o que pensam e como pensam as crianças e adolescentes de hoje, ou seja, “nossos filhos”.

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Mas, para que haja uma conversa franca, é preciso preparar-se. E, preparar-se é “aprender a compreender”. Talvez essa seja uma questão muito séria para muitos pais. A compreensão é muito mais do que simplesmente entender o sentido da palavra ou da expressão que a acriança e/ou adolescente disse.

Vai muito além disso. A compreensão envolve, também, as expressões faciais e corporais. Muitas vezes, quando as crianças e adolescentes se manifestam a respeito de algo, ficam atentos aos olhos, braços, rosto, ao corpo do pai/mãe com quem estão falando.

Muitíssimas vezes, não é a palavra que o pai/mãe ou educador pronuncia que afasta a criança/adolescente. O olhar diz muito mais do que as palavras. Os gestos, a expressão facial, a expressão corporal acompanha o que as pessoas sentem. Por isso, e extremamente importante entender que a compreensão supera as palavras. Ou melhor, que a compreensão envolve o sentido das palavras e as expressões do corpo ao mesmo tempo.

O Cuidado deve ser muito grande, pois a criança/adolescente, sente que não é compreendido ou que é compreendido, pela forma como nos comportamentos quando dizemos ou quando conversamos sobre algum assunto.

A compreensão é um dos grandes componentes da “conversa” que precisa ter o mesmo significado para ambos: pais e filhos. Dizer: “eu te compreendo” com os olhos faiscando, diz exatamente o contrário do sentido da expressão.

Outro componente importante é a conversa que se chama “diálogo”. Bom, é preciso dizer que “diálogo” e “conversa” não são a mesma coisa. Na conversa, não se troca conceitos, não é uma reflexiva, intencional; já, no diálogo, trocamos conceitos, aprofundamos ideias, ouvimos o que os outros pensam a respeito de alguma coisa.

Howard Gardner, psicólogo cognitivo e educacional, professor na Universidade de Harvard, considera que “Conversar é falar sobre o mundo que nos cerca, dialogar é falar sobre o mundo que somos. Dialogar é contar experiências, é segredar o que está oculto no coração, é penetrar além da cortina dos comportamentos, é desenvolver inteligência interpessoal”.

O diálogo é a forma de consolidar as relações, especialmente os familiares e, pode-se dizer, o melhor e maior presente de pai para filho. Um diálogo é sempre uma interação, e para que a interação ocorra, é preciso dar os tempos (silêncios) necessários para que outro internalize o que ouviu e busque os significados.

Por isso, a capacidade de escutar é extremamente importante, muito especialmente para os pais/mães/educadores. Exercitar a escuta, exercitar a empatia, colocando-se no lugar de quem está ouvindo é salutar para que haja uma interlocução apropriada.

Todos, pais/mães/educadores/filhos tem algo a ensinar uns aos outros. Não estamos mais vivendo os tempos em que os pais/mães/educadores sabiam tudo e que os filhos/educandos não tinham nada a ensinar. Em termos humanos, estaremos sempre ensinando e aprendendo uns com os outros, independentemente de sermos pais ou filhos.

Pais/mães/educadores precisam aprender a escutar para superar a forma “inquisitória” prática muito comum na relação pais/filhos. E os pais precisam lembrar de que eles (pais/mães/educadores) são os adultos da relação e que de nada adianta discursos efusivos se não houver a prática da escuta, da compreensão, da fraternidade parentar, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.

Doutor em Educação pela UNICAMP, Psicopedagogo Clínico-Institucional e Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER

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