Preservando a espécie e garantindo novos frutos

Marcilei Rossi com Assessoria

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Para atender produtores rurais de pequeno e médio porte, muitos enquadrados como pertencentes a agricultura familiar, o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling vem coordenando o estudo “Pomares para produção precoce e diferenciada de pinhão em pequenas propriedades”, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e que recentemente recebeu o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2021.

Como resultado de 18 anos de pesquisa conduzidas por Wendling, hoje produtores rurais têm acesso a metodologias de seleção de plantas superiores, enxertia e implantação de pomares de pinhão precoce que começam a produzir na metade do tempo: de seis a oito anos. Como a araucária é uma planta dioica (possui árvores-macho e árvores-fêmea), também foram desenvolvidas técnicas para antecipação da produção de pólen para fecundação das pinhas. Além disso, já existem cultivares registradas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e viveiros treinados na técnica.

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Na prática, o trabalho que no Paraná vem sendo desenvolvido em Colombo, Bituruna, Bocaiúva do Sul, Antônio Olinto e Quatro Barras, além de Caxias do Sul, Espumoso e Severiano de Almeida, no Rio Grande do Sul e Chapecó, Canoinhas, Campo Belo do Sul, Lages e Caçador, em Santa Catarina, busca inserir a araucária (árvore símbolo do Paraná), como uma espécie bem quista, garantindo geração de renda, manutenção dos produtores na propriedade e consequentemente, contribuir para a conservação da espécie mediante seu uso.

De acordo com o pesquisador, o início da produção ocorre de 6 a 10 anos após plantio. Ele aponta que estimativas indicam a possibilidade de obtenção de média de até 2.500 kg de pinhão por hectare por ano aos 15 anos com a tecnologia, em detrimento a 110 kg/hectares na colheita de florestas nativas.

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Desde que iniciou, o estudo já capacitou tecnicamente mais de 200 produtores, além de técnicos ligados aos órgãos de extensão rural.

Resultados

A técnica utilizada, a enxertia, possibilita produzir pinhões com as características desejadas pelo mercado consumidor, pois é possível identificar e selecionar árvores matrizes de acordo com o que se deseja: época de produção, composição nutricional, produtividade, tamanho e formato do pinhão, entre outras.

Além disso, a técnica possibilita a formação de enxertos de galho e de tronco, o que origina árvores em formatos diferentes que podem ser utilizadas de diversas formas na implantação dos pomares.

De acordo com documentação de Wendling, em Bituruna, em área de produtores familiares estabelecidos em assentamento rural a primeira planta enxertada iniciou a produção de pinhão aos 4 anos após a enxertia, com altura ao redor de quatro metros.

Os resultados obtidos no estudo, levaram a geração de um outro projeto em Bituruna, o “Mais Pinhão”, que resultou no Prêmio Gestor Público Paraná 2019.

O Município também está se articulando, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Embrapa, para montar uma agroindústria para beneficiamento do pinhão, em especial para produção de farinhas.

Levando em conta os três estados do Sul, pelo menos seis viveiros comerciais já estão revendendo ou em vias de comercialização de mudas e, consequentemente, inúmeras outras áreas estão sendo implantadas com a tecnologia por produtores rurais, independentemente da participação da Embrapa.

Da derrubada a preservação

Wendling recorda que a Araucaria angustifólia, mais conhecida como pinheiro-do-Paraná, é uma espécie florestal com madeira de qualidade, produtora de sementes (pinhão) de alto valor nutritivo. O que representa um importante fator social e econômico para o sul e sudeste do Brasil.

Com o registro de grande exploração na década de 1980, passou a figurar na lista de espécies ameaçadas de extinção. No entanto, a proteção ocasionada pela lei desestimulou novos plantios.

Ao mesmo tempo, o pesquisador alerta que, o comércio de pinhão tem crescido, o que, associado ao não plantio de novas árvores, tem aumentado a pressão sobre as áreas remanescentes da espécie.

“Além do consumo no mercado interno, percebemos um interesse do mercado internacional pelo pinhão por ser um alimento natural e por suas características benéficas à saúde. Mas, antes de tudo, precisamos aumentar a produção para termos uma constância de matéria-prima e não dependermos do extrativismo”, afirma Wendling.

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