Mayra Aguiar transforma bronze em Tóquio em tradição e reforça potência do judô

Mayra Aguiar sabe o que é subir em um pódio olímpico. Foi assim em 2012, em Londres, quando conquistou o bronze. O mesmo cenário se repetiu, quatro anos mais tarde, diante da torcida brasileira no Rio de Janeiro. Em Tóquio, a gaúcha de 29 anos manteve o que virou uma tradição: a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos.

A judoca brasileira leva para a capital do Rio Grande do Sul e para o País todo a alegria de ser a primeira mulher brasileira a conquistar três medalhas em disputas individuais em Olimpíadas. Além disso, tornou-se a primeira judoca brasileira a subir ao pódio olímpico três vezes. Não é pouco. A marca não é apenas histórica para o judô, como também para o Brasil. Mayra é fruto da Sogipa (Sociedade de Ginástica Porto Alegre), onde tudo começou em sua trajetória. O local é uma fábrica de revelações e de medalhistas olímpicos no tatame.

A primeira medalha conquistada pelo Brasil no judô na Olimpíada de Tóquio também veio de um atleta do clube porto-alegrense. Daniel Cargnin não carregava o peso de favorito, mas a medalha foi ganhando forma luta a luta no Japão. João Derly é um dos maiores expoentes da modalidade. Ele serve de exemplo para os jovens judocas. Mayra teve problemas de lesão antes dos Jogos e quase ficou fora deles. Recuperou-se a tempo de entrar para o programa e agora ajuda a aumentar a conta de medalhas do Brasil no Japão.

Ela tem um jeito sóbrio enquanto luta. Parece determinada a vencer os mais difíceis combates. Se perde, como perdeu nesta quinta-feira ainda nas quartas de final, não desiste e mantém vivo o desejo de seguir lutando. Mayra é família. Ela fez questão de agradecer a todos em entrevista para o SporTV antes da cerimônia de premiação. A judoca foi para os Jogos como favorita. E respondeu como esperado. Depois de uma derrota, vieram dois triunfos e a medalha.

Após a vitória sobre a sul-coreana Hyunji Yoon na disputa de terceiro lugar, Mayra Aguiar relatou toda sua angústia vivida nos últimos anos, em um ciclo olímpico que durou cinco temporadas, a última marcada pela crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Se não bastasse, a judoca precisou superar uma grave lesão no joelho e ficou meses sem competir. Intensificou depois o ritmo dos treinos e obteve sua vaga. Deixou o Brasil cotado a ganhar medalha.

Aos 29 anos, o bronze nos Jogos de Tóquio coroa uma trajetória que começou aos 11 anos no Rio Grande do Sul. Em 2008, na Olimpíada de Pequim, ela perdeu na sua primeira luta. Chorou. Nos Mundiais de 2014 e 2017, a judoca brasileira ficou em primeiro lugar de sua categoria, até 78kg. Em 2019, no Pan de Lima, também colocou a medalha de ouro no peito. Até chegar no Japão. Na festa do pódio em Tóquio, olhou bem para a conquista antes de pendurá-la no pescoço.

SOGIPA – Alguns dos principais judocas do Brasil passaram pela Sogipa, entre eles Felipe Kitadai, Daniel Cargnin (medalha de bronze nos Jogos de Tóquio), Alex Pombo, Rafael Macedo, Leonardo Gonçalves, Nathália Brígida, Gilmara Prudêncio, Ketleyn Quadros (medalhista nos Jogos de Pequim-2008), Aléxia Castilhos, Aine Schmidt, Maria Portela e também Mayra Aguiar. São nove conquistas de pódio em Olimpíadas ao todo.

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