Especialistas tratam de práticas inclusivas nas escolas para crianças com transtornos

No último sábado (9), o departamento de Educação Especial e Inclusiva da Prefeitura de Pato Branco programou um evento voltado aos professores em parceria com o Instituto NeuroSaber. Realizado no auditório do Unidep, e com o custo de um quilo de alimento não perecível, o evento contou com duas palestras realizadas pelos especialistas Dr. Clay Brites e Luciana Brites.

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Na parte da manhã, Dr. Clay, que é médico graduado pela UEL (1998); com residência médica em pediatria e neurologia infantil pela Santa Casa de S. Paulo (2003); membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria; doutor em Ciências Médicas / Neurologia pela Universidade de Campinas-UNICAMP; neurologista infantil colaborador do Instituto Neurosaber; autor e coautor de artigos científicos e capítulos de livros relacionados com Transtornos de Neurodesenvolvimento, Neuropsicologia e Neurociências aplicadas aos processos de desenvolvimento, aprendizagem e comportamento; e coautor dos livros “Do que realmente seu filho precisa”, “Mentes Únicas” e “Crianças Desafiadoras” (Editora Gente), falou sobre “Autismo, TDAH e dificuldades de aprendizagem”.

Já na parte da tarde foi a vez de Luciana, que é mestre e doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Mackenzie e possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina (1995), pós-graduação em Educação Especial pela UNIFIL Londrina (1997), em Psicomotricidade no ISPE-GAE São Paulo (2002), em Psicopedagogia pela UNIFIL (2005) e também é CEO do Instituto Neurosaber de Ensino, falou sobre “Práticas Inclusivas nos transtornos de desenvolvimento”.

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TDAH

Entre os assuntos abordado, Clay e Luciana falaram sobre como a escola deve proceder em relação à criança com Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma alteração no desenvolvimento da atenção e da concentração que pode levar a comprometimento da autoestima, quadros depressivos, transtornos de ansiedade, além de ideação suicida na adolescência e, na fase adulta, a pessoa pode ter problemas gravíssimos de autoestima. “As escolas, muitas vezes, não sabem o que fazer com a criança que apresenta esse transtorno. E esse é um assunto que está no nosso cardápio de prioridades”, disse o especialista em seu canal do YouTube.

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A criança com TDAH, dizem, tem muita dificuldade em se autoengajar para cumprir tarefas chatas, que exigem regras, rotinas, prazo, detalhes e sequência, e isso faz com que muitas vezes ela passe por preguiçosa. “A comunicação entre a escola, a família e o profissional que trata essa criança é muito importante, todos devem procurar melhorar a qualidade e capacidade de aprendizado dessa criança”, dizem.

TEA

Conforme os especialistas, Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno de desenvolvimento que leva a três grandes prejuízos: dificuldade de interação social, deficit de comunicação social e comportamentos repetitivos e restritos. Associado a isso, problemas de relacionamento, dificuldade com reciprocidade, com empatia e atenção social, preferência por objetos, distúrbios de sensibilidade.

“Tudo isso está dentro do espectro autista, e o professor precisa conhecer profundamente o que é o transtorno”, defende. “Principalmente, saber que esse transtorno tem intensidades leve, moderada e severa. E, de acordo com sua intensidade, a conduta escolar deverá ser totalmente diferente, tanto do ponto de vista institucional, quanto do currículo, do preparo e da direção que a área pedagógica vai dar para essa criança.”

Luciana lembrou que, na maioria dos casos, as crianças no espectro autista têm dificuldade para aprender a ler, escrever e calcular. “Há crianças com autismo que, por exemplo, calculam melhor que crianças neurotípicas, que conseguem ler melhor, mas isso é a minoria”, diz.

Suporte escolar e práticas inclusivas

Entre os portadores de TDAH, Dr. Clay acredita que a escola deve adaptar quatro principais eixos: sala de aula, diálogo, didática e avaliação, em diretrizes que, muitas vezes, não condizem com a realidade.

Na sala de aula, por exemplo, o ideal é que se tenha de 15 a 20 alunos por sala de aula, o que não acontece especialmente em escolas públicas. Por isso, o ideal é que a criança se sente na frente, o mais próximo possível do professor e entre alunos que sejam naturalmente interessados na aula, para que não tenha distração.

Sobre o diálogo, o especialista diz que essas crianças são opositoras e desafiadoras, não se ligam em regras e rotinas, o que lhes rende má fama. “É necessário com que o staff escolar busque diálogo com a criança, mostrando preocupação e sendo firme, mas afetuosos”, indica.

Em relação à didática do professor, Dr. Clay acredita que a aula para os alunos com TDAH precisa ser dinâmica, com modulação de voz, recursos audiovisuais, dramatização, quizz e tudo o que chamar atenção para que ela tenha uma recompensa imediata. “As crianças com TDAH costuma ser competitivas. Elas gostam de chegar em primeiro lugar. Use esse estímulo para que a aula seja interessante. Mesmo as crianças sem TDAH serão favorecidas com esses métodos”.

Por último, ele fala sobre a avaliação, defendendo que deve haver várias formas de dar nota, como provas sucintas e objetivas e trabalhos diversos. “É importante que o professor, ao pegar a prova do aluno com TDAH, deve dar uma olhada na mesma hora para saber se ele não errou por desatenção”, diz.

Já para as crianças autistas, é preciso dar suporte para que ela inicie, dê continuidade e termine as atividades que exigem regra, rotina e atividades estruturadas. “É preciso que a escola esteja preparada para dar o suporte para que ela dê o melhor de si, como professor de apoio especializado que dê atenção específica, aprofundada e individual”, fala.

O aprendizado não deve ter metáforas ou ser abstrato. É preciso direto, com linguagem objetiva, já que o autista tem muita dificuldade de entender o que há por trás do erro.

Sendo assim, todo esforço curricular deve ser centralizado nas características individuais de cada criança com autismo. “Não adianta usar modelos pré-determinados. Cada criança com autismo precisa de um currículo adaptado para ela”, afirma Clay.

Mesmo que não seja possível colocar tudo em prática, os especialistas afirmam que o importante é caminhar para o ideal, “mesmo que seja com pequenas adaptações. Seguir os princípio básicos daquilo que funciona já ajuda muito”, finaliza.

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