Beto Richa interrompe período de 3 anos de silêncio

Ex-governador afirma que autoexílio teve orientação de advogados e serviu para cuidar da sua vida, da família e da defesa

Ex-governador do Paraná (de 2011 a 2018), Beto Richa (PSDB) voltou nos últimos tempos a se encontrar com aliados.

O tucano que na década passada, chegou a ser o maior representante do partido no estado, esteve nos últimos meses reunido com os três nomes do PSDB, — João Dória, governador de São Paulo; Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus —, que disputam a prévia nacional para assim colocarem o nome da legenda nas eleições presidências de 2022.

Por 3 anos Richa se manteve em silêncio, fruto dos entreves judiciais. Na esfera criminal, o ex-governador se tornou réu de oito processos, desde que deixou o Palácio Iguaçu, o que inclui as operações Rádio Patrulha, Integração, Piloto e Quadro Negro.

Do total de ações movidas contra ele, sete foram encaminhadas para a Justiça Eleitoral, através de decisões judiciais obtidas pela defesa do tucano.

Afirmando gostar de estar no interior o estado, o ex-governador esteve no Diário do Sudoeste nessa quarta-feira (24), após ter percorrido cidades como Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Chopinzinho.

Crédito: Divulgação PSDB

Diário do Sudoeste:  O Senhor passou a percorrer o Estado por conta das prévias do partido. O senhor esteve Francisco Beltrão, quando houve o anúncio do apoio à candidatura de Eduardo Leite, para a prévia tucana que iniciou no domingo (21).

Beto Richa: Me autoexilei, depois de tudo que armaram contra mim, numa perseguição muito sórdida, rasteira, violenta. Fui cuidar da minha vida, da minha família e da minha defesa, até para esquecerem um pouquinho de mim e me darem sossego. Adotei o silêncio para ter paz.

Agora resolvi anda. Neste ano me deparei com as prévias do PSDB. Não sou mais presidente do PSDB, voto apenas como filiado, e nem tem peso hoje o meu voto nas prévias que vão escolher o representante do PSDB à presidência da República.

Fui convidado a receber em Curitiba o João Dória, já tinha recebido o Eduardo Leite, e passado um mês recebi o Arthur Virgílio.

Não percorri o estado fazendo prévias, mas aqui em Beltrão [onde participou do encontro com lideranças a convite do prefeito Cleber Fontana] saiu uma nota oficial, em apoio ao Eduardo Leite.

Foi uma coisa de momento, e muitas lideranças do partido optaram pelo João Dória. A juventude do PSDB desde o início já está com o João Dória.

Qualquer que seja o candidato escolhido, o PSDB estará bem atendido. Teremos um bom representante para apresentar aos eleitores brasileiros, que estão carentes, esperando uma terceira via, que possa romper essa polarização de esquerda e direita. E esse desejo é crescente. (…)

Importante é que o partido saia unido, que haja o confronto de ideias, de propostas, mas no campo das ideias, que não vá para o campo pessoal. Porque é fundamental que passada as prévias, os dois derrotados e o vitorioso, estejam unidos entorno de um mesmo projeto. E o PSDB passe a ter chance nessa disputa.

Diário: Por que após 3 anos, o senhor rompeu o silêncio que vinha mantendo?

Beto Richa: Me isolei para cuidar da família e da minha defesa, por orientação dos advogados, porque a perseguição era insana. (…) Chegou um momento que eu não sabia o que fazer. Me sequestraram três vezes da minha casa, ao arrepio da lei, desrespeitando a Constituição Federal, o capítulo que fala em presunção de inocência, eles incineraram. (…)

Eu peguei o ápice do ativismo judicial, com o excesso de poder do Ministério Público. Como dizem alguns advogados “poder absoluto, significa corrupção absoluta”. (…)

Objetivamente, eu comecei a sair, porque os advogados me liberaram. Os processos estão sendo arquivados, anulados, extintos. Alguns indo para a Justiça Eleitoral, e lá será devida mente esclarecido.

Diário: O caso Beto Richa como senhor menciona, são de acusações que vieram a público na ocasião referentes a DER, na educação o que resultou na Operação Quadro Negro. O que o senhor atribui essas denúncias e a visibilidade que teve?

Beto Richa: Ativismo judicial. Queriam acabar com a classe política e tomar conta do poder. Tudo o que me acusavam no passado, está acontecendo agora.

Estão entrando no poder, renunciando a carreira e entrando para disputar a eleição. (…)

A Quadro Negro, eu recebi as denúncias, mandei para a Secretaria de Educação. A hora que reparamos que o volume de irregularidades era maior do que imaginávamos, tinha mais coisas, nós mandamos para a polícia especializada. (…)

Pedágios; na campanha de 2010 eu falei, chega de enganação ao povo do Paraná. Toda a eleição “o pedágio baixa ou acaba”, nem uma coisa, nem outra. Baixavam a tarifa em época de eleição, para ter a simpatia dos eleitores, passava e eleição, recompunha a tarifa e as empresas com ações contra o Estado.

Diário: A questão do pedágio no Paraná e muito cara a população paranaense. No dia 27, sábado, o contrato vigente é encerrado, e ficaremos um ano sem a cobrança nas praças, por conta do período eleitoral, o que é uma determinação da Agência Nacional do Transporte Terrestre (ANTT), que aponta para a assinatura dos novos contratos somente no último trimestre de 2022.

Como o senhor avalia a questão dos pedágios no Paraná e o novo sistema apresentado?

Beto Richa: Não avaliei ainda qual a proposta do governo, se é que tem. Porque é lógico, todos os planejamentos, todos os cuidados têm que ser dados, como é que vai ficar a manutenção dessas rodovias.

Ouvi alguns veículos da imprensa, porque não tenho contato nenhum com o atual governo, que teria um emergencial, para cuidar da manutenção das rodovias.

Imagina as rodovias com o fluxo de veículos, o fluxo pesado de caminhões. Se tomba um caminhão, se vai ter guincho, se vai ter atendimento, socorro médico. Isso tem hoje. (…)

Sei que tinha uma proposta ruim do Governo Federal, tentaram impor de qualquer forma, o primeiro responsável que reagiu a essa proposta, que era muito ruim para o estado, foi o deputado [Luiz Claudio] Romanelli, depois os deputados todos, até fechar 100% a Assembleia reagiram e começaram a fazer audiências públicas.

Os setores organizados, produtivos do Paraná, aderiram a essa proposta [mudança do projeto inicial]. Começou assim a reação a proposta que não era boa. E não sei se vão manter, por causa da reação da sociedade paranaense esta proposta, ou se vão voltar atrás depois. Tenho minhas dúvidas.

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