O troca-troca na Esplanada começou com o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Membro da ala ideológica do governo, o chanceler era alvo de críticas por sua atuação durante a pandemia e sofria pressão no cargo dentro e fora do governo, inclusive com uma ameaça de pedido de impeachment por parte de senadores. Para a chefiar o Itamaraty, Bolsonaro escolheu o embaixador Carlos França, que já foi cerimonialista do Planalto e ocupava até então a chefia da assessoria especial da Presidência.
Incomodado com a falta de apoio das Forças Armadas aos seus posicionamentos, Bolsonaro também pediu o cargo do ministro da Defesa, Fernando Azevedo. Em seu lugar, indicou o general Walter Braga Netto. No dia seguinte à queda de Azevedo, em um movimento inédito, o presidente também demitiu os três chefes das Forças Armadas.
A nova cúpula militar escolhida é formada pelo general Paulo Sérgio (Exército), o brigadeiro Baptista Junior (Aeronáutica) e o almirante Almir Garnier (Marinha). Os chefes militares foram anunciados por Braga Netto na quarta-feira, 31, e devem ter também solenidade para a transmissão de seus cargos nos próximos dias.
Com ida de Braga Netto para a Defesa, o seu cargo na Casa Civil foi assumido pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, que deixou a chefia da Secretaria de Governo (Segov). Na dança das cadeiras, o Centrão emplacou mais uma vaga no governo. A deputada Flávia Arruda (PL-DF) foi nomeada como nova ministra da Segov no lugar de Ramos e passará a cuidar da articulação do governo com o Congresso.
Insatisfeito, o presidente também substituiu o comando da AGU. José Levi deixou o cargo depois de se recusar a assinar a ação apresentada por Bolsonaro para derrubar decretos de toque de recolher determinados por três governadores. Em seu lugar, André Mendonça, que era ministro da Justiça, reassumiu a vaga que já havia ocupado entre janeiro de 2019 e abril de 2020.
Para a Justiça, Bolsonaro escolheu o delegado da Polícia Federal Anderson Torres. Próximo da família do presidente, Torres até então ocupava a função de Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mas já havia sido cotado para o comando da PF. Os dois ministros foram empossados em cerimônia reservada na terça-feira, 30, no gabinete de Bolsonaro, no mesmo modelo da cerimônia de posse do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na semana anterior.
Pouco depois de Mendonça retornar ao cargo, a AGU enviou ontem manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) em caráter de urgência pedindo a suspensão de todos os decretos ou atos administrativos de governadores e prefeitos para proibir celebrações religiosas na pandemia, sobretudo na Páscoa. Contrário às medidas de fechamento, Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira, 1º, que a “liberdade de culto” é sagrada, assim como o direito de ir e vir.
Veja aqui como ficou o comando das seis pastas depois das mudanças feitas por Bolsonaro:
– Relações Exteriores: Carlos Alberto Franco França;
– Defesa: Walter Braga Netto;
– Casa Civil: Luiz Eduardo Ramos;
– Secretaria de Governo: Flávia Arruda;
– Advocacia-Geral da União: André Mendonça;
– Justiça e Segurança Pública: Anderson Torres.
