Com a vitrine do combate à pandemia, Covas quer repetir o feito inédito de Gilberto Kassab (PSD) e se tornar o segundo prefeito a conquistar a reeleição na história da capital paulista. Ele conta com o apoio do governador João Doria (PSDB), mas manteve o aliado, com rejeição significativa na capital, sob discrição desde a pré-campanha. Embarcaram no voo tucano candidatos derrotados no primeiro turno, como Celso Russomanno (Republicanos) e Joice Hasselmann (PT).
Já Boulos chega às urnas tentando guinar o maior colégio eleitoral do País de novo à esquerda. Tem apoio de lideranças políticas como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). Os candidatos do primeiro turno Jilmar Tatto (PT), Orlando Silva (PCdoB) e Marina Helou (Rede) também estão com Boulos. “A coalizão que PSOL construiu no segundo turno foi mais ampla do que estava acostumada a fazer”, comentou ao Broadcast Político a cientista política Graziella Testa, da Fundação Getulio Vargas, ressaltando o fim da dicotomia PT x PSDB no município.
Se os desdobramentos da covid-19 desenharam um cenário favorável para prefeitos já nos cargos e experientes em todo o País, como diz a maioria dos especialistas, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), sem nunca ter conquistado um cargo eletivo, quer surpreender e se tornar exceção à regra.
O afunilamento da corrida na reta final, aferido em pesquisas de intenção de voto, veio junto a certo ganho de atenções dos candidatos a vice-prefeito. Polêmicas envolvendo o companheiro de chapa de Bruno Covas, Ricardo Nunes (MDB), passaram a ser cada vez mais exploradas pela campanha adversária. Em 2011, a esposa de Nunes registrou um boletim de ocorrência por agressão contra o hoje vereador. Ainda pesa sobre ele a revelação, feita pelo Estadão/Broadcast, de que uma empresa de sua família recebeu dinheiro de creches conveniadas pela prefeitura para a prestação de serviços sem licitação.
Como mostrou o Broadcast Político, o PSDB, em reação, patrocinou anúncios na internet com informações positivas sobre o emedebista, estratégia confirmada à reportagem pela campanha.
Ao mesmo tempo em que trouxe Nunes para o debate, o PSOL ampliou o destaque dado à vice de Boulos, a ex-prefeita e deputada federal Luiza Erundina (PSOL). Ela tem grande recall nas periferias e, que completa 86 anos na próxima segunda-feira, assumiu a campanha de rua na véspera da eleição, quando Boulos precisou se isolar.
