União no campo promove valorização da mulher agricultora

Associação em Chopinzinho modificou o significado do que é ser agricultora, dando a ela um lugar de fala, protagonismo e reconhecimento

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Há 34 anos quatro agricultoras de Chopinzinho se uniram e buscaram por reconhecimento profissional. Após sérias lutas por igualdade de gênero, as quatro mulheres conseguiram o que antes nenhuma outra tinha alcançado no município, e muito provavelmente na região. Em 20 de maio de 1987 elas fundaram a Associação de Mulheres Rurais de Chopinzinho (AMR).

“Naquela época tudo era difícil para a mulher do campo. Elas queriam caminhar ao lado do marido e ter direitos iguais perante a sociedade. Como os homens tinham a associação deles e mulheres não podiam participar, elas queriam ter a delas, para poder buscar mais informações. Mas isso, os homens não queriam aceitar, achavam que a agricultora devia ser só do lar, ficar ali cuidando dos filhos e da casa. Ainda bem que elas lutaram por melhorias”, relata Evanir Confortin Acorsi, atual presidente da AMR

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A briga das quatro mulheres, ainda na década de 80, deu frutos. Hoje, as atuais 182 sócias contam com sede própria, uma cozinha industrial e reconhecimento em todo Paraná. E claro, independência financeira.

Além de proporcionar uma fonte de renda às agricultoras, a associação também oferece capacitações, um espaço para produção dos produtos comercializados e descontos em estabelecimentos, como laboratórios, farmácias, academias, lojas e até mesmo em consultas médicas.

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“Sem essa associação nós, agricultoras, não seríamos nada porque, hoje, não tem mais nem o Clube de Mães, que unia as mulheres e fornecia algum curso. Para nós, participar da AMR representa união, fonte de renda, aprendizado, benefícios e descontração. Aqui somos amparadas, reconhecidas e valorizadas de uma forma que nenhuma outra associação conseguiria olhar”, reflete a presidente.  

Hoje, 41 famílias das mulheres associadas trabalham no fornecimento da merenda escolar para o município e para o estado, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A participação na merenda só é possível graças a implantação da associação, pois, como conta Evanir, antes de ser criada, a venda de merenda ficou parada por dois anos por não ter uma entidade para comercializar os produtos ao governo. “Nós fomos atrás, nos inscrevemos e conseguimos essa fonte de renda para as famílias daqui.”

Para participar da associação é preciso ser agricultora e residir no campo. O cadastro é feito na sede, situada na rua João Bordinhão, nº 4443, no Centro de Chopinzinho. Cada mulher paga ao ano R$ 120.

Feira de Produtos Coloniais

Além da produção dos panificados, das hortaliças e das frutas para a entrega nas instituições de ensino, as agricultoras também trabalham com a venda de seus produtos em uma feira semanal.

Atualmente a venda dos produtos coloniais ocorre em um espaço próprio das associadas. Ambiente que também só se tornou realidade após muita luta.

“Essa feira funcionou por muitos anos na calçada, sem nenhuma estrutura. Foi só depois de muita batalha que conseguimos o nosso próprio local. Na época, as feirantes fizeram um projeto e mandaram para o Estado, do qual encaminhou uma verba através do Município”, conta Evanir relembrando que, hoje, participam da feira 14 mulheres. Todas têm seu próprio box, coberto e fechado.

A presidente da AMR conta ainda que, no futuro, as agricultoras contarão com um novo espaço para realizar suas vendas. “Já solicitamos, através de projeto, um recurso do Estado de R$ 400 mil para construir um novo local para a feira. Bem maior que o atual, terá 18 boxes”, disse relembrando que outros R$ 620 mil já vieram do Estado para a construção da sede e de outras melhorias.

A feira ocorre todas as sextas-feiras, das 7h30 às 16h, no Centro, na av. XV de Novembro. No local são comercializados panificados em geral, sucos, frutas, geleias, hortaliças, pipoca, fubá, canjica, quirera e molho de tomate.

Independência financeira

De acordo com Evanir, todas as associadas arrecadam um bom dinheiro com a venda de seus produtos, que aprenderam a cultivar e produzir na associação. Segundo a presidente, esse valor obtivo contribui na manutenção da casa de muitas agricultoras.

“Essa renda é muito importante no orçamento familiar e ajuda no sustento das famílias. N a colônia, o salário não é mensal e sim anual, no máximo, feito duas vezes no ano. Então, se não fosse o dinheiro das feiras e do pagamento mensal das merendas, as famílias teriam que se manter somente com o dinheiro da lavoura”, explica, contando que há casos de mulheres que sustentam toda a casa sozinhas, com o dinheiro de suas vendas e da merenda.

Dia do Colono

Sobre o Dia do Colono, celebrado no dia 25 de julho, Evanir diz ser um momento de grande importância, que precisa ser comemorado. “Um dia destinado especialmente a nós agricultores, que vamos à luta todos os dias, trabalhamos incansavelmente a procura de uma vida de qualidade para nós e nossa família e contribuindo com o desenvolvimento da nação.”

Eliane Terezinha Abreu da Silva trabalhando em sua produção de beterrabas. Agricultora também trabalha com morangos, rabanetes e cenouras, além das panificações e geleias; tudo é comercializado na merenda escolar 
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