O Catecismo da Igreja Católica (nn. 2807-2815) demoradamente apresenta a catequese da primeira petição de Jesus ao Pai: “Santificado seja o vosso nome”. Desde a primeira petição ao nosso Pai, mergulhamos no mistério íntimo da sua divindade e no drama da salvação da nossa humanidade. Pedir-Lhe que o seu nome seja santificado é envolvermo-nos no “desígnio benevolente que Ele de antemão formou a nosso respeito” (Ef 1,9), para que “sejamos santos e imaculados diante d’Ele, no amor” (Ef 1,4).
A santidade de Deus é o foco inacessível do seu mistério eterno. Na promessa feita a Abraão e no juramento que a acompanha, Deus compromete-Se a Si mesmo, mas sem revelar o seu nome. É a Moisés que começa a revelá-Lo, e manifesta-O aos olhos de todo o povo salvando-o dos Egípcios: “revestiu-Se de glória” (Ex 15,1). A partir da Aliança do Sinai, este povo é “seu” e deve ser uma “nação santa” ou consagrada, porque o nome de Deus habita nela. Ora, apesar da Lei santa que o Deus santo lhe deu e tornou a dar, e muito embora o Senhor, por respeito pelo seu nome, usasse de paciência, o povo desviou-se do Santo de Israel e profanou o seu nome entre as nações. Por isso, os justos da Antiga Aliança, os pobres retornados do exílio e os profetas arderam de paixão pelo Nome.
Jesus revela-nos o nome do Deus santo
Finalmente, é em Jesus que o nome do Deus santo nos é revelado e dado, na carne, como salvador: revelado pelo que Ele é, pela sua Palavra e pelo seu sacrifício. É o coração da sua oração sacerdotal: “Pai santo, […] por eles Eu me consagro para que também eles sejam consagrados na verdade” (Jo 17,19). Porque Ele próprio “santifica” o seu nome, é que Jesus nos “manifesta” o nome do Pai. No termo da sua Páscoa é que o Pai Lhe dá então o nome que está acima de todo o nome: Jesus é Senhor para glória de Deus Pai. Para a teologia bíblica “Pai” equivale ao novo nome de Deus que implica a consciência da filiação, testemunhada pelo Espírito; é a primeira palavra do cristão. Jesus nos mostra o Pai. Ele veio da parte do Pai para nos salvar e nos santificar.
Na água do Batismo, nós fomos “purificados, santificados, justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus” (1Cor 6,11). Em toda a nossa vida, o nosso Pai chama-nos “à santidade” (1Ts 4,7) e, uma vez que é por Ele que nós estamos em Cristo Jesus, “o qual Se tornou para nós […] santidade” (1Cor 1,30), interessa à sua glória e à nossa vida que o seu nome seja santificado em nós e por nós. Tal é a urgência da nossa primeira petição.
Fomos feitos à imagem do Santo, para sermos santos: “Sede santos porque eu sou Santo!” (Lev 11,44), nós que fomos santificados no Batismo, pedimos e rogamos para perseverar no que começamos a ser. E isso nós o pedimos todos os dias. Precisamos de uma santificação quotidiana para que, incorrendo em faltas todos os dias, todos os dias sejamos delas purificados por uma santificação assídua, continuada e permanente.
Sirvamos ao Senhor em santidade enquanto perdurarem nossos dias
Quando dizemos “santificado seja o vosso nome”, pedimos que ele seja santificado em nós que estamos n’Ele, mas também nos outros, por quem a graça de Deus ainda está à espera, para nos conformarmos com o preceito que nos obriga a orar por todos, mesmo pelos nossos inimigos. É por isso que nós não dizemos expressamente: santificado seja o vosso nome “em nós”, porque pedimos que o seja em todos os homens e as mulheres. Esta petição, que as inclui todas, é atendida pela oração de Cristo, como as restantes seis petições que se seguem. A oração que fazemos ao nosso Pai é nossa, se for rezada “em nome” de Jesus. Na sua oração sacerdotal, Jesus pede: “Pai santo, guarda em teu nome aqueles que Me deste” (Jo 17,11).
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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