Dom Edgar Xavier Ertl
A Igreja do Brasil celebra de 13 a 20 de junho de 2021, a 36ª Semana do Migrante, que que neste ano tem como tema “Migração e diálogo”, e como lema “Quem bate à nossa porta?”, cuja data celebrativa e de reflexão é 20 de junho, neste domingo. A chegada de migrantes ao Brasil é uma realidade que tem acompanhado a história do País, e que hoje continua presente, e no Sudoeste do Paraná são muitos os migrantes aqui chegados, sobretudo do Haiti, da Venezuela e do Senegal. No mundo existem 271,6 milhões de migrantes, e que segundo as fontes eclesiásticas, relatam as dificuldades vividas pelos migrantes neste tempo de pandemia e as principais rotas de migração no mundo.
Um coração aberto ao mundo inteiro!
O Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti – “Todos Irmãos”, sobre a fraternidade universal e amizade social diz que os migrantes precisam ser acolhidos como dom, pois podem contribuir com os valores de sua cultura, ao mesmo tempo que acolhem os valores da cultura que os recebe. Quando o próximo é uma pessoa migrante, sobrevêm desafios complexos. O ideal seria, sem dúvida, tornar desnecessárias as migrações e, para isso, o caminho é criar reais possibilidades de viver e crescer com dignidade nos países de origem, a fim de se poder encontrar lá as condições para o próprio desenvolvimento integral. Mas, enquanto não houver sérios progressos nesta linha, é nosso dever respeitar o direito que tem todo o ser humano de encontrar um lugar onde possa não apenas satisfazer as necessidades básicas dele e da sua família, mas também realizar-se plenamente como pessoa. Os nossos esforços a favor das pessoas migrantes, que chegam, podem resumir-se em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Com efeito, não se trata de impor do alto programas assistenciais, mas de percorrer unidos um caminho através destas quatro ações, para construir cidades e países que, mesmo conservando as respetivas identidades culturais e religiosas, estejam abertos às diferenças e saibam valorizá-las em nome da fraternidade humana (cf. FT n. 129).
Enfatiza Francisco que a chegada de pessoas diferentes, que provêm dum contexto vital e cultural distinto, transforma-se num dom, porque as histórias dos migrantes são histórias também de encontro entre pessoas e entre culturas: para as comunidades e as sociedades de chegada são uma oportunidade de enriquecimento e desenvolvimento humano integral para todos. Por isso, peço especialmente aos jovens que não caiam nas redes de quem os quer contrapor a outros jovens que chegam aos seus países, fazendo-os ver como sujeitos perigosos e como se não tivessem a mesma dignidade inalienável de todo o ser humano, conclama-nos o bispo de Roma (cf. FT n. 133).
“Era migrante e me acolhestes” (Mt 25,35)
Acolher o migrante, o refugiado é obra de misericórdia. Serve para especificar o preceito capital do amor ao próximo. Jesus fez-se próximo do necessitado, irmão dos pequenos e estrangeiros. Que o Dia Mundial do Refugiado e do Migrante nos seja uma oportunidade de acolhida, respondendo à pergunta: “Quem bate à nossa porta?”. No território da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, nos últimos anos tem chegado centenas de migrantes/refugiados, buscando entre nós espaços para viver, como casa, trabalho e escolas para suas crianças e adolescentes. Nossa Igreja Diocesana, pelas suas 46 paróquias e mais de 1.100 comunidades, sente-se, portanto, no dever de organizar a Pastoral dos Migrantes e Refugiados, como gesto evangélico da acolhida e da proteção das vidas aqui chegadas como gesto concreto. Caros diocesanos, intensifiquemos, pois, neste domingo, 20 de junho, nossas orações e ações em prol de irmãos e irmãs que chegam à nossa Diocese, para aqui encontrar um lugar digno para viver, cumprindo com o mandato do Senhor: “Me acolhestes”.
Bispo da Diocese de Palmas – Francisco Beltrão