2º Pedido do Pai Nosso: “Venha a nós o vosso Reino”

Seguimos rezando com Jesus. Ele é o Mestre por excelência de nossa oração. Que valha cada dia o nosso pedido: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Os números 2816-2821, do Catecismo da Igreja Católica, nos orientam sobre a segunda petição da oração do Senhor: “Venha a nós o vosso Reino”. No Novo Testamento, a mesma palavra “basileia”pode traduzir-se por realeza (nome abstrato), reino (nome concreto) ou reinado (nome de ação). O Reino de Deus está diante de nós. Aproximou-se no Verbo encarnado, foi anunciado através de todo o Evangelho, veio na morte e ressurreição de Cristo. O Reino de Deus vem desde a santa ceia e, na Eucaristia, está no meio de nós. O Reino virá na glória, quando Cristo o entregar a seu Pai:

É mesmo possível que o Reino de Deus signifique o próprio Cristo, a Quem todos os dias desejamos que venha e cuja Vinda queremos que aconteça depressa. Do mesmo modo que Ele é a nossa ressurreição, pois n’Ele ressuscitamos, assim também pode ser Ele próprio o Reino de Deus, porque n’Ele reinaremos.

Esta petição “Vem, Senhor Jesus”, é o clamor do Espírito e da esposa. Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto o dever de pedir a vinda deste Reino, teríamos espontaneamente soltado este grito, com pressa de irmos abraçar o objeto das nossas esperanças. As almas dos mártires, sob o altar de Deus, invocam o Senhor com grandes gritos: “Até quando, Senhor, até quando tardarás em pedir contas do nosso sangue aos habitantes da terra?” (Ap 6,10). Eles devem, com efeito, alcançar justiça, no fim dos tempos. Apressa, portanto, Senhor, a vinda do Teu Reino.

Oração do Senhor e a missão da Igreja

Na oração do Senhor, trata-se principalmente da vinda final do Reino de Deus pelo regresso de Cristo. Mas este desejo não distrai a Igreja da sua missão neste mundo, antes a empenha nela. Porque, desde o Pentecostes, a vinda do Reino é obra do Espírito do Senhor, para continuar a sua obra no mundo e consumar toda a santificação. Aos Romanos escreveu Paulo: “O Reino de Deus […] é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm14,17). Os últimos tempos em que nos encontramos são os da efusão do Espírito Santo. Trava-se desde então um combate decisivo entre “a carne” e o Espírito. Só um coração puro pode dizer com confiança: “Venha a nós o vosso Reino”. É preciso ter passado pela escola de Paulo para dizer: “Que o pecado deixe de reinar no vosso corpo mortal” (Rm6,12). Quem se conserva puro nos seus atos, pensamentos e palavras é que pode dizer a Deus: “Venha a nós o vosso Reino!

Discernindo segundo o Espírito, os cristãos devem distinguir entre o crescimento do Reino de Deus e o progresso da cultura e da sociedade em que estão inseridos. Esta distinção não é uma separação. A vocação do homem para a vida eterna não suprime, antes reforça, o seu dever de aplicar as energias e os meios recebidos do Criador no serviço da justiça e da paz neste mundo. Esta petição é feita e atendida na oração de Jesus, presente e eficaz na Eucaristia; ela produz o seu fruto na vida nova segundo as bem-aventuranças.

Comunidades eclesiais, frutos da oração

O pedido de Jesus ao Pai é que homem e mulher formem uma comunidade de amor na família, na comunidade paroquial e na sociedade, exatamente como existe o reino de amor na Trindade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O modo como o Pai ama o Filho, e o Filho em resposta ama o Pai, que é a manifestação do amor do Espírito Santo, é objetivo pelo qual rezamos. Rezamos para criar o mesmo tipo de comunidade trinitária onde vivemos, trabalhamos e celebramos na Diocese de Palmas-Francisco Beltrão. Rezamos para que haja paz e um reino de fraternidade no mundo tão dividido pelo ódio e pelas guerras. Esse é o desejo de Jesus ao ensinar-nos e pedir que o reino da esperança aconteça já entre nós!

Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão

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