Estão separados. O relacionamento quebrou!
Na data de hoje, mais precisamente no dia 1 de julho de 2021, faz exatos 120 dias que o relógio da torre da Igreja Matriz de Pato Branco parou de funcionar. Os ponteiros estão parados. Sim, os ponteiros. A união outrora cheia de encontros, beleza e sons apaixonados das badaladas, cessou de maneira repentina, silenciosa e fria, como uma madrugada de inverno aqui no sudoeste. Aliás, aqui tudo é frio.
Mas, voltando aos ponteiros, sim, eles se amavam. Muitos presenciavam o amor e o roçar dos amantes. Os dois sempre eram vistos no centro da cidade em momentos britânicos. Eram avistados juntinhos pelas manhãs: 08h40, 09h45, ao cair da tarde 17h25 e 18h30. Os curiosos que passavam em frente à Igreja Matriz, olhavam desconfiados para os dois, com admiração e julgamento. Alguns achavam feio, antiquado, sem serventia, ultrapassados, perda de tempo e vergonhoso. Outros suspiravam, achavam lindos, admiravam a coragem e fotografavam postando em seus stories no Instagram. Mas era o fim de união de anos.
Depois que a fofoca da separação percorreu a cidade, muitas teorias acerca do término foram criadas: para alguns, adultério, para outros, incompatibilidade de gênios. Mas a teoria amplamente aceita era que, com o tempo, as engrenagens do relacionamento haviam se desgastado, o que impossibilitara o pleno funcionamento compassado das engrenagens do casal.
Será que o tempo é capaz de conservar o amor? Nem sempre. A verdade é que quando não cuidado, qualquer ferrugem é um desgaste silencioso, e os sons dos sinos sobre nossas cabeças de outrora, acabam dando lugar ao silêncio sepulcral do marasmo cotidiano.
Enfim, que fique então registrado que na data de hoje, mais precisamente no dia 1º de julho de 2021, faz exatos 120 dias que são 3 e meia. Estão separados. O tempo parou.
*Rafael da Silva Bonfim é acadêmico de Letras – Português/Inglês na Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Pato Branco.