30ª Festa Nacional do Carneiro no Buraco em Campo Mourão

A 30ª edição da Festa Nacional do Carneiro no Buraco começou na quinta-feira (11) e se encerra neste domingo (13), reafirmando a tradição gastronômica de Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná. Os convites para o tradicional almoço do prato típico da cidade esgotaram-se antecipadamente. O evento retornou ao Parque de Exposições Getúlio Ferrari, oferecendo ao público shows, rodeios, feira de artesanato, parque de diversões e uma ampla praça de alimentação.

Neste domingo (13), mais de 5 mil refeições foram servidas, todas preparadas com a receita original: camadas de carneiro e legumes cozidos lentamente em buracos aquecidos com 1,5 metro cúbico de lenha. O processo de cozimento dura cerca de 12 horas, utilizando aproximadamente 100 tachos de 30 polegadas, cada um capaz de atender até 50 pessoas.

O preparo teve início às 23h de sábado (12), com o acendimento da lenha. Durante a madrugada, os tachos foram colocados nos buracos para o cozimento lento. A cerimônia de acendimento do Buraco nº 1 e do Pavilhão do Fogo ocorreu às 21h30 de sábado. A abertura oficial do Buraco nº 1, com a retirada do primeiro tacho, foi realizada neste domingo às 11h, e a partir das 11h30 as refeições começaram a ser servidas ao público.

Carneiro no Buraco: patrimônio cultural de Campo Mourão
Campo Mourão orgulha-se de um dos pratos mais emblemáticos da culinária brasileira: o Carneiro no Buraco. Mais que uma refeição, a iguaria representa a história de criatividade, união comunitária e tradição que atravessa gerações.

A origem do prato remonta ao início da década de 1960, quando Ênio Camargo de Queiroz, junto às famílias de Joaquim Teodoro de Oliveira e Saul Ferreira Caldas, decidiu experimentar uma técnica inspirada em práticas indígenas sul-americanas e em costumes vistos em um filme texano. O resultado foi uma combinação única de carneiro e legumes cozidos em buracos no chão, conferindo um sabor especial.

A receita foi sendo aprimorada ao longo dos anos, com destaque para Adelaide Teodoro de Oliveira, responsável por ajustar os temperos até chegar ao ponto ideal. Nos anos 1980, Tony Nishimura, herdeiro da receita de Adelaide, se consolidou como mestre cuca e ajudou a dar mais notoriedade ao prato.

O Carneiro no Buraco ganhou força nas confraternizações locais a partir dos anos 1970, mas foi em 1991 que se transformou em festa oficial. Naquele ano, o Aero Clube de Campo Mourão abraçou a ideia de criar um evento dedicado ao prato, com apoio do tradicional grupo Boca Maldita. A preocupação era evitar que outros municípios se apropriassem da receita. Assim nasceu a primeira Festa Nacional do Carneiro no Buraco, realizada em julho de 1991.

Na estreia, 70 tachos foram preparados, cada um com capacidade para até 60 pessoas. O sucesso foi imediato e o evento cresceu ano após ano. Hoje, são servidos cerca de 183 tachos, reunindo milhares de visitantes em um dos maiores eventos gastronômicos do Paraná.

Em 2019, a Festa Nacional do Carneiro no Buraco foi oficialmente incluída no calendário estadual de eventos turísticos por lei estadual. O prato também foi reconhecido como patrimônio imaterial de Campo Mourão, consolidando seu papel como símbolo da identidade local.

O ritual do preparo
A preparação do Carneiro no Buraco é um verdadeiro ritual. A carne é temperada e colocada em grandes tachos junto com legumes como batata, cenoura, cebola e mandioca. Os tachos são enterrados em buracos aquecidos com brasas e o cozimento lento, por aproximadamente 12 horas, resulta em uma carne extremamente macia e saborosa.

Hoje, o Carneiro no Buraco é mais do que um prato típico — é um elo entre passado e presente, um motivo de orgulho para os moradores de Campo Mourão e uma experiência gastronômica única para quem visita a cidade.

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