Provavelmente você tem ou convive com alguém que tenha suas próprias crendices. As superstições populares estão presentes em todos os lugares e culturas, e conhecê-las é uma importante forma de entender mais acerca de um povo.
Por isso mesmo, frequentemente essas superstições são abordadas em curso de idiomas. Por exemplo, a crença de que a sexta-feira 13 dá azar é frequentemente compartilhada em salas de aula de inglês.
Por que as superstições populares existem?
Embora vivemos em um período no qual a ciência é a grande responsável por esclarecer fatos e resolver mistérios populares, as superstições resistem até os dias atuais. Mesmo sem comprovação nenhuma, todos os dias um número incontável de pessoas bate na madeira três vezes para afastar o azar, utiliza amuletos e patuás e realiza rituais como os de ano novo.
Apesar de hoje possuir um forte elemento cultural, pesquisadores acreditam que essas crenças tiveram papel importante na evolução da humanidade. Em tempos muito remotos, os indivíduos que faziam associações entre causa e efeito, mesmo sem nenhum embasamento lógico, tinham mais chances de sobreviver. Em outras palavras, certas superstições acabaram por proteger indivíduos de perigos.
Para entender melhor toda essa história, vamos te apresentar a seguir algumas das principais superstições ao redor do mundo e como elas surgiram. Confira!
1- Bater três vezes na madeira para afastar o azar
Muito comum ao redor do mundo, esse hábito já era frequente entre povos antigos, como nativos no continente americano e os celtas na Europa. A superstição está relacionada à ideia de que as árvores eram morada dos deuses (em alguns casos, representavam os próprios deuses). Desta forma, como forma de pedir perdão por algo que havia feito de errado, as pessoas batiam no tronco para pedir perdão.
Outra origem relacionada à superstição atual advém dos druidas, antigos sacerdotes dos povos celtas. Eles acreditavam que dar algumas batidas em troncos de árvores afugentava os maus espíritos, já que a árvore possui raízes que os conduziriam para o submundo.
2- Gato preto e o azar
Antes de explicarmos essa superstição e sua origem, é importante deixar claro sobre como ela é prejudicial para esses animais.
Ainda hoje, muitas pessoas cometem violência contra gatos, em especial os gatos pretos, por acreditarem se tratar de animais traiçoeiros que trazem má sorte. No Brasil, a violência e o assassinato de animais é crime, previsto pelo artigo 32 da lei nº 9.605, com alteração da lei nº 14.064/2020, prevendo pena de reclusão de 2 a 5 anos, multa e proibição da guarda. Em caso de morte do animal, a pena pode ser aumentada de um terço a um sexto.
Feito o aviso, vamos adiante. Essa história toda de que gatos pretos trazem azar surgiu na Europa, durante o período medieval. Por serem animais de hábitos noturnos, os gatos, em especial os de pelagem negra, eram relacionados à bruxaria. Muitas pessoas os consideravam como bruxas disfarçadas que passeavam pela madrugada.
Este foi um período de extremo fanatismo religioso, onde a ciência era negada e praticamente tudo podia ser associado ao diabo. Tanto é que, no século XV, o papa Inocêncio VIII incluiu todos os gatos na lista dos perseguidos pela inquisição.
3- Quebrar espelho dá sete anos de azar
Para entender essa superstição, é necessário fazer uma “viagem” até a Grécia Antiga. Os gregos desse período adoravam consultar oráculos para descobrir o futuro. Um dos principais métodos consistiam em uma tigela com água que refletia a imagem da pessoa que queria saber seu destino. Se, durante a consulta, a tigela caísse e se quebrasse, o oráculo interpretava isso como um sinal de que a pessoa teria momentos difíceis – podendo até mesmo morrer – no futuro próximo.
Um pouco depois, os romanos se apropriaram da crença e adaptaram o oráculo grego, adicionando ao infortúnio o fato dele se prolongar por sete anos, tempo que duraria cada ciclo de vida na religião tradicional romana.
Quando os primeiros espelhos de vidro surgiram, na Idade Média, essa superstição teve continuidade, desta vez, com um fator financeiro: esses espelhos eram objetos muito caros, e para evitar que os empregados os quebrassem, os patrões alertavam sobre o suposto azar que acometeria o descuidado.
4- Sexta-feira 13
Uma das superstições populares mais comuns ao redor do mundo, a ideia de que a sexta-feira 13 seria um dia maldito está ligada a dois mitos nórdicos.
O primeiro conta que Loki, a divindade traiçoeira filha de Farbanti, esgueirou-se pela morada dos deuses, onde estava acontecendo um banquete para 12 divindades. Durante o evento, acabou matando o deus Balder, fazendo com que o número 13 (em alusão ao 13॰ integrante do jantar) passasse a representar um número de azar.
O segundo mito conta que quando os escandinavos se converteram ao cristianismo, Freya, a deusa do amor cujo nome deu origem à palavra inglesa Friday (sexta-feira), foi transformada em bruxa e exilada numa montanha.
Para vingar-se de seus antigos devotos, ela passou a se reunir às sextas-feiras com 11 bruxas e o diabo – num total de 13 integrantes – para amaldiçoar os homens.
Por fim, o fato da Última Ceia que antecedeu a morte de Cristo ter contado com 13 participantes também engrossa o coro de que o número – e posteriormente o dia – traria azar. Curiosamente, o número de acidentes de trânsito nas sextas-feiras 13 é maior do que em qualquer outra data do ano. E sabe em quanto este índice aumenta? Pasmem, em 13%!
5- Levantar com o pé direito para ter sorte
Entre muitos povos da Antiguidade, o lado direito era visto como positivo, enquanto o esquerdo representava o mal. Isso fica evidente em dois costumes romanos:
O primeiro, era o de fazer previsões analisando o deslocamento dos pássaros. Se voassem para a direita, era um bom sinal. Para a esquerda, representava que a má sorte estava chegando. O segundo era o fato de muitos romanos enfaixarem o braço esquerdo dos recém-nascidos, forçando-os a utilizar apenas o braço direito de modo a crescerem destros.
Com a difusão do cristianismo, a ideia do lado direito como bom e o esquerdo como ruim apenas cresceu. Isso porque, segundo a bíblia, os escolhidos de Deus ocupam sempre o lugar direito à ele no céu. Com o passar dos séculos, a ideia de foi tomando diferentes formas, e colocar primeiro o pé direito para fora da cama transformou-se em sinal de sorte para o dia que começava.
6- Orelhas quentes significam que alguém está falando mal de você
Essa superstição é tão antiga quanto a própria sociedade humana. Já no século I d.C., cientistas como o historiador romano Plínio, O Velho, buscavam explicações para a crença. Segundo este, as orelhas esquentavam porque existia uma espécie de “mercúrio universal”, uma substância que permitiria a transferência de energia entre as pessoas.
Desta forma, quando alguém falava mal de você, mesmo estando muito longe, as palavras chegavam aos seus ouvidos por meio deste mercúrio, fazendo com que as orelhas se esquentassem. Os antigos também tinham uma receita para contra-atacar o falador: bastava morder levemente o dedo mindinho da mão esquerda para que o fofoqueiro desse uma mordida na própria língua.
7- Passar debaixo de escadas dá azar
Quem aqui nunca ficou com receio de passar por debaixo de uma escada em uma calçada? Para essa história, temos duas hipóteses para sua origem, uma religiosa e outra militar.
A primeira teoria está associada à Santíssima Trindade cristã, que jamais deveria ser desrespeitada. O triângulo formado pela sombra de uma escada encostada na parede seria uma alusão a essa trindade sagrada. Portanto, passar por debaixo de escadas seria o mesmo que profanar o símbolo sagrado, um pecado grave.
A outra teoria afirma que a superstição originou-se na Idade Média. Em ataques a fortalezas e castelos, os invasores utilizavam escadas encostadas nos muros para invadir. A principal defesa era derramar óleo fervente e pedras sobre os inimigos. Desta forma, passar por debaixo das escadas era uma péssima opção, que poderia acabar em uma fatalidade.
8- Trevo de quatro folhas: um símbolo que traz sorte
Essa é outra das superstições populares associadas aos celtas. As histórias contam que os druidas teriam sido os primeiros a usar o trevo de quatro folhas como talismã, há mais de 2000 mil anos.
Segundo a crença, quem carregasse uma dessas plantas seria capaz de enxergar demônios nas florestas e, assim, escapar deles. O poder da planta estaria relacionado à sua raridade na natureza. Em geral, os trevos, como o próprio nome sugere, possuem apenas três folhas.
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