O que é o Transtorno Afetivo Sazonal (TAS)
A falta de exposição à luz solar pode afetar a produção de neurotransmissores relacionados ao humor e ao sono, causando alterações emocionais. O fenômeno é conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um tipo de depressão.
O problema é mais frequente no outono e inverno e tende a atingir principalmente pessoas que vivem em regiões afastadas da linha do Equador, onde os dias de frio são mais curtos e chuvosos.
Cenário climático no Paraná
Segundo o Simepar, de 1º de janeiro a 3 de setembro de 2025, Curitiba teve 97 dias de chuva, Telêmaco Borba 100, Pinhão 105, Cascavel 89, Pato Branco 92 e Antonina 131.
Já no Noroeste, onde o inverno é mais seco, os números foram menores: Paranavaí (76 dias de chuva, apenas 11 no inverno), Maringá (74 dias, 13 no inverno), Apucarana (76 dias, 13 no inverno) e Londrina (77 dias, apenas 9 no inverno).
O frio também é mais intenso no Sul do Estado: no período, Curitiba teve 55 dias com temperaturas abaixo de 10°C, Guarapuava 60 dias e Palmas 81 dias. Em contraste, Maringá registrou apenas 15 dias com temperaturas inferiores a 10°C.
Como o clima impacta o humor
De acordo com a psicóloga Izabela Neves Freitas, especialista em luto e depressão, regiões com mais dias frios e chuvosos registram índices maiores de TAS, devido ao impacto nos ritmos circadianos e à redução da serotonina e melatonina, neurotransmissores ligados ao humor e ao sono.
“A tristeza do inverno pode ser comparada à preguiça. Já a depressão sazonal é realmente a intensidade de não conseguir fazer as coisas do dia a dia”, explica.
Izabela destaca ainda prejuízos práticos: faltas no trabalho, queda na produtividade e abandono de atividades físicas, que podem agravar o quadro.
Sono e vitamina D: fatores cruciais
A manutenção de um ciclo de sono regular é apontada como fundamental para reduzir os efeitos do TAS. Segundo a psicóloga:
“O tempo cinza leva as pessoas a dormirem mais e passarem mais tempo em telas. Isso desregula o ciclo circadiano. Precisamos dormir à noite e acordar com a luz do dia.”
Outro ponto é a baixa vitamina D, que pode provocar desânimo e dificultar a absorção de outras vitaminas importantes, como C e B12. Mesmo com suplementação, a falta de luz solar pode desencadear processos depressivos que, em alguns casos, exigem medicação.
Estratégias para amenizar os sintomas
- Exposição ao sol sempre que possível.
- Rotina de sono regular, mesmo em plantões ou trabalhos noturnos.
- Atividade física e hobbies que tragam prazer.
- Hidratação adequada e alimentação equilibrada.
- Relacionamentos sociais positivos para estímulo emocional.
“É válido ter um plano B nos dias mais difíceis. Nem tudo depende de nós — como o clima, por exemplo. Por isso, tolerar frustrações e manter atividades básicas da rotina já ajuda na prevenção”, reforça Izabela.
Dados meteorológicos e percepção
O coordenador de operações do Simepar, Marco Jusevicius, lembra que a sensação térmica varia conforme vento e umidade, mas para a climatologia o que importa são os números dos termômetros.
“A meteorologia fala pelos dados reais. Eles ajudam no planejamento, inclusive para pessoas que sofrem com o TAS, que podem organizar atividades em dias mais ensolarados para estimular neurotransmissores ligados ao bem-estar”, explica.





