O Consórcio Canal Galheta Dragagem (CCGD), formado pela brasileira FTS e pelo grupo belga DEME, venceu o leilão inédito do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá, realizado nesta quarta-feira (22) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). A concessão, primeira do gênero no Brasil, marca o início de um modelo pioneiro de gestão de canais aquaviários de portos públicos e prevê investimento de R$ 1,23 bilhão em ampliação e manutenção do canal.
O contrato, com prazo de 25 anos, inclui o aprofundamento da via marítima de 13,3 para 15,5 metros, permitindo a atracação de embarcações de maior porte e o aumento da competitividade logística do Porto de Paranaguá, o mais eficiente do país há seis anos consecutivos.
Paraná consolida liderança em infraestrutura portuária
Presente à cerimônia, o governador Carlos Massa Ratinho Junior destacou que o resultado do leilão representa mais um passo no plano estratégico que tem transformado o Paraná em hub logístico da América do Sul.
“Desde 2019, estruturamos o maior pacote de concessões rodoviárias do país e modernizamos nossos portos e aeroportos. Hoje, Paranaguá movimenta 70 milhões de toneladas ao ano, superando as metas federais e consolidando o Paraná na vanguarda da infraestrutura nacional”, afirmou o governador.
Ratinho Junior reforçou que projetos como o novo Moegão ferroviário e o futuro Píer em T elevarão a capacidade operacional do porto, ampliando em até 35% a movimentação de cargas e reduzindo em 12% o custo logístico para os usuários.
“O canal de acesso é mais uma prova de que o planejamento deu certo. O Paraná é hoje o estado mais preparado do país em logística e infraestrutura”, completou.
Novo modelo de concessão reduz custos e amplia eficiência
Com desconto máximo de 12,63% na tarifa Inframar e outorga de R$ 276 milhões, o Consórcio CCGD conquistou a disputa, que contou com quatro participantes internacionais: Jan De Nul (Bélgica), CHEC Dredging (China) e DTA Engenharia (Brasil). O valor da outorga será reinvestido no próprio porto, somando-se a R$ 86 milhões anuais em pagamentos fixos e 3% da receita bruta.
De acordo com o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, o modelo privilegia eficiência e competitividade.
“O Porto de Paranaguá representa a riqueza de todo o Paraná. Com tarifas menores e mais calado, garantiremos uma logística mais moderna e sustentável para quem produz e exporta pelo estado”, ressaltou.
O ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, também celebrou o pioneirismo do Paraná.
“O leilão do Canal da Galheta é o primeiro do gênero no Brasil e servirá de referência para novas concessões em Santos, Bahia e Itajaí. Quando o Paraná vai bem, o Brasil também vai bem”, destacou.
Investimentos reforçam posição estratégica no Cone Sul
O contrato prevê que os R$ 1,23 bilhão sejam aplicados já nos cinco primeiros anos, voltados à ampliação, dragagem permanente e manutenção da navegabilidade do Canal da Galheta, principal acesso aquaviário ao Porto de Paranaguá e aos terminais da Baía de Paranaguá desde a década de 1970.
Com 15,5 metros de calado, o porto superará as médias de Santos e Santa Catarina (14,5 metros), posicionando o Paraná entre os principais hubs marítimos do Cone Sul. A ampliação deve permitir o transporte de até 14 mil toneladas adicionais de carga por navio, sem custo extra para exportadores.
O CEO da FTS, André Maragliano, destacou que a parceria entre o grupo brasileiro e o belga unirá experiência local à tecnologia internacional.
“Com 40 anos de atuação em Paranaguá e o know-how global da DEME, garantiremos o controle dinâmico do calado, o aumento de eficiência e o fortalecimento da competitividade do porto”, afirmou.
Processo inédito garante segurança técnica e ambiental
Antes da concessão, o projeto passou por Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), consultas públicas conduzidas pela Antaq e Ministério de Portos e Aeroportos, além da aprovação do TCU. As etapas confirmaram a sustentabilidade, a segurança jurídica e o rigor técnico do modelo, elogiado por especialistas como referência regulatória para o setor portuário brasileiro.
O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, avaliou o leilão como um marco para o sistema portuário nacional.
“A concessão consolidará mais de R$ 1 bilhão em investimentos nos próximos quatro anos e aumenta a atratividade comercial do Paraná no mercado internacional”, afirmou.
Paraná mantém protagonismo na agenda nacional de concessões
O leilão do Canal de Acesso integra o planejamento de concessões iniciado em 2019, que já soma R$ 3,5 bilhões em contratos e R$ 915 milhões em outorgas desde que o estado obteve autonomia administrativa sobre seus portos.
Nesta quinta-feira (23), o Governo do Estado retorna à B3 para o leilão do Lote 4 das concessões rodoviárias, com previsão de R$ 18 bilhões em obras de modernização e conservação em 627 quilômetros de estradas. O Lote 5 será licitado no próximo dia 30 de outubro, encerrando o pacote que totaliza 3,3 mil quilômetros de rodovias estadual e federal sob concessão.
Desde 2019, o Paraná também avança com PPPs da Sanepar, projetos de mobilidade urbana, infraestrutura energética e modernização ferroviária, compondo uma agenda de desenvolvimento econômico e social de longo prazo.





