PCPR desmantela quadrilha de adulteração de fertilizantes

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu, na manhã desta quinta-feira (23), sete pessoas suspeitas de participação em uma organização criminosa especializada no desvio e adulteração de fertilizantes agrícolas. A operação, deflagrada simultaneamente em Curitiba, Wenceslau Braz, Cascavel (PR) e Miracatu (SP), também cumpriu nove mandados de busca e apreensão e oito de bloqueio de contas bancárias ligadas ao esquema.

Entre os presos está um empresário detido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no interior paulista. Segundo a PCPR, o grupo é responsável por vultosos prejuízos a produtores e à cadeia produtiva do agronegócio, prejudicando diretamente a produtividade agrícola de diversas regiões do país.

Investigação teve origem em flagrante realizado na RMC

As investigações começaram em novembro do ano passado, quando cinco pessoas foram presas em flagrante em um barracão clandestino na cidade de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Durante a abordagem, policiais civis flagraram o processo de adulteração de uma carga de fertilizante desviada de um caminhão. O dono do local tentou subornar a equipe oferecendo R$ 150 mil, sendo autuado em flagrante por corrupção ativa. Os demais envolvidos foram detidos por associação criminosa e receptação qualificada.

Um dos investigados revelou à polícia que parte da carga original já havia sido desviada, enquanto outra parte seria transportada com nota fiscal fraudada.

Esquema cometia fraudes em larga escala

Segundo o delegado André Feltes, a quadrilha já havia realizado entre 20 e 30 adulterações de cargas de fertilizantes no barracão de Araucária, chegando a alterar duas a três cargas em um só dia. Os fertilizantes, avaliados em cerca de R$ 200 mil cada, eram misturados com calcário e cálcio tingidos por corantes para simular o produto original. A estimativa é que o produto adulterado conservasse apenas 5% da eficácia, gerando sérios danos às lavouras.

Em um ou dois meses, a movimentação financeira do grupo chegou a R$ 4 milhões. O material fraudado era distribuído para o interior do Paraná e também para outros estados.

Empresas de fachada e notas fiscais frias ocultavam as operações

A organização utilizava empresas de fachada para emitir notas fiscais falsas, permitindo que o transporte das cargas adulteradas ocorresse com aparência de legalidade. O responsável pela emissão dos documentos recebia até R$ 500 por nota. Investigações apontam para um núcleo empresarial sediado em Piraquara (RMC), com ramificações em São Paulo e Santa Catarina, que negociava com o dono do barracão clandestino e financiava o desvio, chegando a antecipar valores para cooptar caminhoneiros envolvidos nas fraudes.

Entre os presos na operação estão empresários, motoristas de caminhão, um funcionário responsável por avaliar as cargas e um coordenador das operações de adulteração – todos encaminhados ao sistema penitenciário.

Adulteração afeta produtividade e segurança do agronegócio

A PCPR alerta para o impacto negativo da adulteração de insumos agrícolas sobre a produtividade das lavouras, a renda dos produtores e a segurança alimentar. O material falsificado, segundo laudos, tem apenas 5% da eficácia de um insumo regular, reduzindo drasticamente o resultado das safras e provocando prejuízos financeiros.

A polícia reforça a importância da denúncia e do controle de origem dos insumos agrícolas, fundamentais para a sustentabilidade e competitividade do agronegócio brasileiro.