Neste domingo, 02 de novembro, a Igreja reza em favor de todos os fiéis defuntos. A última profissão de fé, no Símbolo dos Apóstolos, o nosso Credo, rezamos: “Creio… na vida eterna”. 2025 é o Ano Jubilar. Ano Santo da Redenção de Jesus Cristo. E o tema principal é a virtude da “Esperança” – Peregrinos de Esperança – a esperança não decepciona – escreveu Paulo aos Romanos. Logo, é um tempo favorável para renovar a nossa fé na vida eterna, como esperança e promessa de Jesus Cristo Nosso Senhor.
Alguns conceitos bíblicos e teológicos da “Vida Eterna”
vida perdurável: Aspirar a plenitude. Vida transcendente e sem fim. Prolongamento da vida. Continuidade da vida. Imortalidade. Visando o mais alto. Vida definitiva. Tesouro celeste, “como prêmio”. Vida perpétua. Realidade misteriosa da condição que sucede à morte. Ideia de uma sobrevivência sem limites de tempo. Participação na vida de Deus, com o ingresso na dimensão divina. Dom de Deus. Em Cristo, nova existência. Vida transfigurada, com a roupagem do Cristo Ressuscitado. Vida eterna é vida ressuscitada. Creio na “ressurreição da carne”. “Deixar a morada deste corpo para ir morar junto do Senhor”. Vida eterna na linguagem bíblica, é entendida em conexão com a fé na ressurreição dos mortos, como dom que Deus dará ao fiel na vida futura. A vida eterna é vida transformada e toca também a fase terrestre da vida, indicando a transformação que acontece em nós desde agora. Se respondermos positivamente ao chamado de Deus, transformação que será sempre progressiva até que se cumprirá definitivamente com a ressurreição depois da morte. É o desejo absoluto do homem de uma vida sem restrições nem quantitativas e nem qualitativas, isto é, a vida eterna, sem fim e sem limites, que Deus havia prometido em Jesus Cristo.
No dia 30 de novembro de 2007, o Papa Bento XVI publicou a Carta Encíclica Spe Salvi facti sumus – “é na esperança que fomos salvos”. O Papa Bento perguntava e propunha: “A vida eterna – o que é?” “Para nós, hoje a fé cristã é também uma esperança que transforma e sustenta a nossa vida? Queremos nós realmente isto: viver eternamente? Hoje, muitas pessoas rejeitam a fé, talvez simplesmente porque a vida eterna não lhes parece uma coisa desejável. Não querem de modo algum a vida eterna, mas a presente; antes, a fé na vida eterna parece, para tal fim, um obstáculo. Continuar a viver eternamente – sem fim – parece mais uma condenação do que um dom. Certamente a morte queria-se adiá-la o mais possível. Mas, viver sempre, sem um termo, acabaria por ser fastidioso e, em última análise, insuportável”. Chegou o momento, porém, de nos colocarmos explicitamente a questão: para nós, hoje a fé cristã é também uma esperança que transforma e sustenta a nossa vida?
Por que temos dificuldades em reconhecer que a vida eterna já começou? “E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida” (1Jo 5,11-12). Nós cristãos católicos acreditamos que só a alcançaremos por meio da nossa fidelidade a Deus, da obediência aos mandamentos, uma vida virtuosa, através da graça de Deus e dos sacramentos, pela vida de oração e em comunidade, bem como a prática da caridade. O testemunho do Pai a favor do seu Filho é também a nosso favor, porque afirma que no Filho temos a vida eterna.
A fé cristã, nos oferece uma perspectiva única sobre a morte, que não é encarada como uma tragédia sem sentido, mas como uma passagem para a vida eterna. Em um mundo que muitas vezes teme a morte e evita refletir sobre ela, a fé nos convida a viver com esperança e confiança no plano de Deus. Como nos lembra o Catecismo, “na morte, Deus chama o homem a si” (CIC 1011), e este chamado é para uma vida que jamais terá fim. A fé nos mantém de pé e na convicção de que Deus está entre nós e cuida de nós! Façamos todos os dias uma prece: “Senhor, eu creio na vida eterna”. “Eu creio na eternidade”. “Eu tenho esperança na eternidade”.
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão




