O Cardeal Dom Víctor Manuel Fernández, Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, publicou no dia 04 de novembro de 2025, uma nota doutrinal sobre alguns títulos marianos referidos à cooperação de Maria na obra da Salvação, sob o título de Mater Populi Fidelis – “A Mãe do Povo fiel”. O Papa Leão XIV, no dia 7 de outubro de 2025, Memória Litúrgica de Nossa Senhora do Rosário, aprovou a Nota Doutrinal para o conhecimento de todos os católicos. São 80 parágrafos que transmitem os principais ensinamentos segundo a Escritura, a Tradição e o Magistério da Igreja, sobre o papel da Virgem Maria na obra redentora de Jesus Cristo, seu Filho.
A presente Nota responde a numerosas consultas e propostas que chegaram à Santa Sé nas últimas décadas – de modo especial ao Dicastério – sobre questões relacionadas com a devoção mariana e, particularmente, sobre alguns títulos marianos. São questões que preocuparam os recentes Papas e que foram repetidamente tratadas nos últimos trinta anos nos diversos âmbitos de estudo do Dicastério, como Congressos, Assembleias ordinárias, etc. Isto permitiu ao Dicastério contar com um abundante e rico material que alimenta a presente reflexão.
O texto, ao mesmo tempo que esclarece em que sentido são aceitáveis, ou não, alguns títulos e expressões referentes a Maria, propõe-se aprofundar nos adequados fundamentos da devoção mariana precisando o lugar de Maria em sua relação com os fiéis, à luz do Mistério de Cristo como único Mediador e Redentor. Isto implica uma profunda fidelidade à identidade católica e, ao mesmo tempo, um particular esforço ecumênico. O eixo que atravessa todas as páginas da Nota é a maternidade de Maria em relação aos fiéis, questão que aparece reiteradamente, com afirmações que são retomadas muitas vezes, enriquecendo-as e completando-as, em modo espiral, com novas considerações.
A devoção à Virgem Maria é um tesouro da Igreja
A devoção mariana, que a maternidade de Maria suscita, é apresentada aqui como um tesouro da Igreja. Não se trata de corrigir a piedade do Povo fiel de Deus que encontra em Maria refúgio, fortaleza, ternura e esperança, mas, sobretudo, de a valorizar, admirar e encorajar; visto que esta é uma expressão simbólica de uma atitude evangélica de confiança no Senhor que o mesmo Espírito Santo suscita livremente nos fiéis. Realmente, os pobres encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela veem refletida a mensagem essencial do Evangelho. Ao mesmo tempo, existem alguns grupos de reflexão mariana, publicações, novas devoções e inclusive solicitações de dogmas marianos, que não apresentam as mesmas características da devoção popular, mas acabam por propor um determinado desenvolvimento dogmático e divulgam-se intensamente através das redes sociais despertando, com frequência, dúvidas nos fiéis mais simples.
Às vezes, tratam-se de reinterpretações de expressões utilizadas no passado com diversos significados. O documento leva em consideração propostas para indicar em qual sentido algumas respondem a uma devoção mariana genuína e inspirada no Evangelho, ou em qual sentido outras devem ser evitadas, pois não favorecem uma adequada compreensão da harmonia da mensagem cristã em seu conjunto.
Por outro lado, em diversas passagens da Nota se oferece um amplo desenvolvimento bíblico que ajuda a mostrar como a autêntica devoção mariana, não aparece apenas na rica Tradição da Igreja, mas já nas Sagradas Escrituras. Deste modo, mais que limitar, a Nota busca acompanhar e sustentar o amor à Maria e a confiança na sua materna intercessão.
Enfim, o nosso convite é que leiamos a Nota sobre a contribuição de Maria na obra da Salvação, porque Maria, a primeira discípula, é a Mãe. Na Cruz, Cristo entrega-nos à Maria, recomendado ao discípulo amado: “Eis tua Mãe”. E à Mãe: “Eis teu filho”.
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão




