Pe. Lino Baggio, SAC
Lembro-me de uma experiência muito singular que jamais esquecerei. Um pequeno gesto de generosidade deixou-me uma grande lição para a vida. Foi durante uma longa viagem de ônibus entre Cascavel (PR) e Porto Velho (RO). No decurso do caminho, paramos para o lanche do meio-dia que os passageiros levavam consigo. Como eu não estava prevenido sobre essa “novidade”, para variar, nada tinha levado para o lanche. A meu lado, uma senhora idosa e pobre percebeu o problema. Então, abriu uma caixinha de papelão e me ofereceu um bolinho dos poucos que tinha. Agradeci seu gesto e disse não estar com fome. Então ela me disse: “Tenho pouco, mas é tudo o que tenho e lhe ofereço de coração!” Sensibilizado, aceitei! Seu modo de proceder e a alegria em partilhar de sua pobreza fez do bolinho um banquete inesquecível para mim.
Diante de atitudes de generosidade, não há como ficar indiferente! A generosidade do amor cristão não se fixa na quantidade, mas na qualidade das intenções do coração. Lembro, aqui, a oferta da viúva que o Evangelho de Marcos (12, 41-44) nos narra. Enquanto os ricos se ostentavam em depositar grandes somas, a viúva, generosamente, colocou no cofre duas moedinhas. A qualidade da intenção lhe valeu o grande elogio de Cristo: “Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros” (Mc 12,43).
Quando Paulo escreveu a segunda carta aos Coríntios, procurou incentivá-los à generosidade e à superação da mesquinhez. Acenou para as igrejas da Macedônia que, em sua extrema pobreza e grandes tribulações, pedem a graça de participar da coleta em favor dos santos de Jerusalém. Diante de tal generosidade, convidou também a comunidade de Corinto à sinceridade da caridade.
Paulo, em sua sabedoria, sentiu que a generosidade precisava ir além de uma qualidade humana. Era necessária uma motivação maior para que a generosidade fosse duradoura. Por este motivo, apontou para o mestre da generosidade, Jesus Cristo, e disse: “Na verdade, conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: de rico que era, tornou-se pobre por causa de vós, para que vos torneis ricos por sua pobreza” (2 Cor 8,1-9).
A generosidade pode ser exercida de muitos modos, não apenas dando coisas, mas, acima de tudo, dando-se em amor. Posso ser generoso partilhando bens materiais, mas posso também ser generoso dando do meu tempo para dialogar, para deixar uma criança mostrar-me os trabalhos de aula, esperando um apoio adulto. Posso ser generoso na visita aos doentes e sofredores, nos serviços voluntários que ajudam na promoção humana.
Lembremo-nos: há mil modos para exercitar a generosidade e isto nos realiza, “pois é dando que se recebe” (São Francisco).
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