Pe. Lino Baggio, SAC
Estamos no mês de setembro, tradicionalmente dedicado à Bíblia aqui no Brasil, com a finalidade de divulgar a Bíblia, ler mais, estudar, compreender melhor, acolher e viver a Palavra de Deus. Não é que devamos fazer isso apenas no mês de setembro; no entanto, neste mês devemos dedicar maior tempo e atenção ao livro da Palavra de Deus e, sobretudo, à própria Palavra de Deus, que é “palavra da salvação” para nós.
O que se recomenda é, antes de tudo, ter uma Bíblia ao alcance da mão em nossas casas, salas de trabalho e até nos quartos de dormir. A Palavra sagrada nos deve acompanhar durante todos os dias, orientar e iluminar todas as nossas iniciativas, decisões e ações. A Bíblia é o livro da Palavra de Deus para todos e cada um pode ter proveito com a sua leitura. Mas ela não é um livro fácil de se entender, pois foi escrita há muitos séculos (milênios!), ao longo de muitos séculos, por muitos autores, em contextos religiosos, sociais e culturais muito diversos. Foi redigida em hebraico, aramaico e grego. Por isso, ela é o livro mais estudado entre todos os livros. Há uma multidão de estudiosos e especialistas nos estudos bíblicos: católicos, protestantes, ortodoxos e anglicanos. Eles se dedicam a compreender bem o texto e tudo o que diz respeito a ele, para melhor compreender o seu significado. Os estudiosos da Bíblia podem nos ajudar muito para compreender bem o que ela ensina e significa nos seus 73 livros.
No entanto, a Bíblia não é simplesmente um livro de literatura. Ela é um livro sagrado, escrito a partir da experiência de fé do povo de Deus ao longo dos séculos e da experiência religiosa dos seus autores. A Bíblia poderia ser definida como “o livro da história de Deus com os homens”. Ela tem um fio condutor, do começo ao fim: Deus vem ao encontro dos homens e quer salvar a todos. Nesse encontro, manifesta-se o amor misericordioso de Deus para com o homem, mas também o exercício da adesão livre do homem a Deus. Muitas vezes, o homem dá as costas para Deus, não o leva em conta, não ouve, nem Lhe obedece. Por isso, a Bíblia conta histórias bonitas da fé e obediência verdadeiras a Deus, que trazem a bênção e o amparo de Deus; mas também as histórias tristes e nada bonitas da rejeição de Deus, da desgraça que se abate sobre o homem quando ele deixa de corresponder com fé ao amor de Deus. Caminhar com Deus, ou desprezar a Deus, não dá na mesma. O resultado é bem diferente!
A Bíblia nasceu numa comunidade de fé e reflete a vida dessa comunidade de fé. Por isso, a sua leitura, compreensão e acolhida também devem ser feitas na comunidade de fé, que é a Igreja. A Igreja é edificada pela Palavra de Deus, que é o seu fundamento. Ao mesmo tempo, a Igreja é a “casa da Palavra de Deus”, sua guardiã e lugar de sua interpretação autêntica. Por isso, a boa interpretação da Bíblia precisa ser feita a partir da fé da Igreja. Podemos e devemos ler e meditar pessoalmente a Bíblia; mas para sua interpretação, precisamos sempre ter em conta o conjunto da fé da Igreja e, em última análise, seguir a interpretação dada pelo magistério da Igreja a determinado texto. O momento mais propício para a leitura bíblica e a acolhida da Palavra de Deus é o momento orante e celebrativo. Por isso, nossas celebrações, como a Missa e os demais Sacramentos, sempre contemplam leituras da Palavra de Deus. Não deveria passar nenhum dia em nossa vida sem que tenhamos lido e acolhido algum trecho da Palavra de Deus. Como o apóstolo Pedro diz a Jesus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,58-59). A Bíblia nos oferece a palavra de vida eterna.
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