No mês de agosto de 2009, o então Papa Bento XVI, advogou pela construção de um novo modelo de desenvolvimento que salvaguarde o meio ambiente, motivo pelo qual convidou a comunidade internacional a uma “conversão ecológica”. A um seleto grupo de ouvintes advertiu-os: “A terra é um dom belíssimo do Criador, que desenhou sua ordem intrínseca, dando-nos assim os sinais orientadores aos quais devemos ater-nos como administradores da sua criação”, afirmou o pontífice. De fato, “quando a ‘ecologia humana’ é respeitada dentro da sociedade, beneficia também a ecologia ambiental”. E perguntou: “Acaso não é verdade que a utilização desconsiderada da criação começa justamente onde Deus é marginalizado ou inclusive onde lhe é negada a existência?”.
Laudato Si’ – “Louvado sejas”
Em 2015, na Carta Encíclica Laudato Si´ (LS), sobre a o cuidado da casa comum, o Papa Francisco propôs ao mundo, não somente aos cristãos católicos, a “conversão ecológica”. A grande riqueza da espiritualidade cristã, proveniente de vinte séculos de experiências pessoais e comunitárias, constitui uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Francisco deseja propor aos cristãos algumas linhas de espiritualidade ecológica que nascem das convicções da nossa fé, pois aquilo que o Evangelho nos ensina tem consequências no nosso modo de pensar, sentir e viver.
Francisco propõe uma comparação interessante para a reflexão diante da proposta da conversão ecológica, dizendo que “os desertos exteriores se multiplicam no mundo, porque os desertos interiores se tornaram tão amplos”. A crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior. Entretanto temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se burlam das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Falta-lhes, pois, uma conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional, nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa (cf. LS 217).
Cuidemos do Sudoeste do Paraná!
O Criador foi pródigo com o Brasil, com o Paraná e, sobretudo, no Sudoeste. Nossa região é de extraordinária beleza e rica em diversidades, configurando quase que uma ideia de “um paraíso entre nós”. Porém, se estamos aqui escrevendo e refletindo sobre a conversão ecológica, infelizmente, os sinais de agressão à criação sudoestina e da degradação da natureza também estão presentes no que acima chamávamos de “paraíso entre nós”. Precisamos prestar muita atenção para os desafios e problemas ecológicos, suas causas, principalmente caminhos e decisões que devemos tomar urgentemente para a sua superação e preservação desta “casa comum” que não nos foi dado o direito de explorá-la como vem sendo nas três últimas décadas. A Diocese de Palmas-Francisco Beltrão quer e deve cooperar com a reflexão e propor caminhos de conversão ecológica para o bem e a defesa da vida nesta parte do planeta. Roguemos pelo fim dos desmatamentos, dos soterramentos das nascentes e o fim dos agrotóxicos em todas as culturas, sobretudo, nas alimentícias.
Iniciemos, pois, fazendo o dever de casa porque o “Século XXI ou será ecológico ou simplesmente não será”, nas palavras de Dom Pedro Casaldáliga. E tomando consciência do que disse Bento XVI, quando papa: “A terra é um dom belíssimo do Criador, que desenhou sua ordem intrínseca, dando-nos assim os sinais orientadores aos quais devemos ater-nos como administradores da sua criação”. Eis a nossa responsabilidade, eis a nossa missão urgente: converter-nos ecologicamente!
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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