Caros amigos, no texto da semana passada abordei, mesmo que rapidamente, a questão da (des)obediência, como um possível fator da chamada “crise nas famílias” e disse que voltaria hoje ao tema.
Pois bem, por certo um assunto tão complexo não pode ser analisado rapidamente e nem superficialmente. É evidente que essa é uma das questões que interferem grandemente na educação dos filhos. Mas, como disse no texto anterior, tivemos tantas mudanças e tão profundas na sociedade em si, que refletem e continuam refletindo enormemente sobre a educação dos filhos.
E, é possível que a própria questão da obediência não seja entendida com a profundidade e atenção que necessita.
Para as pessoas nascidas até o final do século XX (final dos anos 1990) é possível que o conceito de obediência não seja entendido como o é hoje, no século XXI já ano de 2023.
Por isso, penso ser de grande importância saber que concepções de obediência são hoje utilizadas nas famílias. Saber, também, como as regras, normas e limites são apresentados aos filhos, desde pequenos.
Em outras palavras: a obediência é sustentada por alguma teoria, e muitas práticas dos pais e educadores. Pode não parecer importante, mas quando pais e educadores “teorizam” sobre questão de limites, regras e respeito as crianças imediatamente “ligam” a conexão entre o que os pais e educadores dizem e o que fazem.
Assim, é de extrema importância pensar que a máxima popular “faça o que eu digo e não faça o que faço” não se aplica mais para as gerações atuais. Crianças e adolescentes de nosso tempo têm, desde muito pequenos, uma grande capacidade de observação, interpretação e comparação entre o que lhes dizemos e o que fazemos.
Outra questão importante sobre o estabelecimento de regras e limites é que, especialmente pais e mães, devem entender que ao estabelecer regras, estão estabelecendo também, além das condições, as punições advindas do não cumprimento de tais regas.
Então as crianças e os adolescentes são capazes, sim, de estabelecer a proporcionalidade da medida punitiva em relação à infração cometida.
Estabelecer com clareza normas e regras de funcionamento da casa e das atitudes que se espera dos filhos é de grande importância para o processo educativo.
Muitos pais ao se queixarem da desobediência dos filhos, esquecem de que não estabeleceram claramente as normas da família (e, muitas vezes a escola também não estabelece claramente o que espera em termos de comportamento das crianças e adolescentes) e depois diante de um comportamento inadequado, querem aplicar punições que aparecem “do nada” ou da vontade de alguém que deseja punir um infrator.
Por isso, para muito além de queixar-se da desobediência dos filhos, os pais precisam entender que os valores, princípios, regras e limites que a família adota, devem ser respeitados por todos, inclusive os pais, assim como a escola.
Não adianta dizer que não sabe o que fazer diante do comportamento inadequado do filho, é preciso antes, estabelecer as regras, dialogar com eles, desde a tenra idade e mostrar-lhes as consequências de suas ações.
De nada adianta querem aplicar medidas desmensuradas ou ditadas pela reação do “momento” em relação às infrações cometidas pelos filhos e/ou educandos.
Por isso, as regras e as devidas “punições” precisam ser estabelecidas tendo em vista a idade das crianças e o tipo de infração cometida.
É bom, como pais e educadores, ter mente que castigos expiatórios rígidos e/ou pontuais e também o excesso de diálogo e instabilidade nas punições, revelam insegurança, falta de clareza e firmeza na condução do papel de pai/mãe/educador, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
P.S. Voltarei ao tema para falar da proporcionalidade entre a regra e a punição.
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