Temos falado sobre questões que precisam ser ensinadas às crianças, desde cedo, para que possamos pensar em ter seres humanos melhores.
Na semana que passou, abordamos a questão da construção de limites e das imensas dificuldades que os pais e educadores enfrentam na atualidade quando querem que as crianças entendam que é preciso ter limites, que elas (crianças) não podem tudo. Que a vida em família e, de resto, em sociedade, tem regras de comportamento.
É claro que, em termos brasileiros, quando se pensa em crise de família é preciso olhar a crise social, política, religiosa, ética e legal pela qual estamos passando.
É muito complexo ensinar “ética”, regras, “leis” aos nossos educandos quando o país vive situações “jurídicas” impensáveis e inadmissíveis em outros países de cultura séria e comprometida com a legalidade das coisas, isso é verdade.
Frequentemente se ouve pais e educadores se queixando que as crianças de hoje não obedecem às regras, nem na família e na escola. Que é muito difícil fazê-las entender que é preciso cumprir normas e regras para que se tenha uma convivência pacífica e harmoniosa.
Nesse sentindo tenho uma preocupação: qual o conceito ou quais conceitos de obediência os pais e educadores tentam construir com as crianças e como tentam fazer isso.
Precisamos entender que não se pode mais pensar em “conceitos abstratos”, que as crianças precisam entender como as coisas ocorrem na prática.
Volto ao início: se o país não é capaz de dar o exemplo maior, é complexo demonstrar, na prática, para crianças, o cumprimento de normas e regras.
Imagino que os pais e educadores tenham em mente valores e princípios quando pensam em educar as crianças com a construção de limites.
Imagino também, que a própria Constituição Federal do Brasil, seja a maior das normas de conduta em sociedade.
E, depreendo, daí uma questão muito simples: se a Lei maior é, eventualmente, desrespeitada, por que se deva cumprir regras e normas menores?
A Constituição Brasileira, é fundada em valores e princípios. Assim, como são os regimentos escolares, as normas familiares, os relacionamentos entre colegas na escola.
Por isso é necessário se trabalhar o conceito de “obediência” na prática, muito mais do que impor normas incompreensíveis às crianças.
O desrespeito às regras e normas de convivência familiar e escolar, transpõe-se desses ambientes e aflora na sociedade como um todo e revela-se na sua crueldade na dura realidade de que, a lei só existe para os pobres e os desfavorecidos da sociedade.
Assim, falar que as famílias estão em crise é uma bela desculpa da sociedade para não assumir seu compromisso com o cumprimento das leis e com as consequências que deveriam sofrer pelo não acatamento do regramento institucional, seja familiar, seja escolar, seja social, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
P.S. volto ao assunto.





