Rafaela Penalva
Ansiedade, estresse, depressão…Você sabia que sua saúde mental também tem grandes efeitos fisiológicos no seu corpo e que muitos deles podem influenciar o funcionamento de órgãos como o coração, por exemplo? No Brasil, mais de 9% da população sofre de transtorno de ansiedade, ou seja, cerca de 18,6 milhões de pessoas, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Aproveitando a campanha Setembro Amarelo, cujo tema macro é a saúde mental, resolvi escrever sobre o tema como cardiologista porque, cuidando do coração de muitas pessoas com a saúde mental comprometida, percebo que pouco se sabe dessa complicada conexão.
De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, existe uma relação direta das doenças mentais com o infarto. É importante saber que a saúde mental impacta fortemente na saúde global do paciente. E em se tratando do coração, devemos ficar mais atentos ainda.
Quando enfrentamos um quadro de depressão, ansiedade ou estresse constante, nosso ritmo cardíaco e pressão arterial aumentam; há um fluxo sanguíneo reduzido para o coração e o corpo produz níveis mais altos de adrenalina e cortisol – hormônios ligados ao estresse, que sinalizam um alerta ao organismo em situações de risco. Tudo isso acaba obrigando o coração a trabalhar mais.
Outro grande risco relacionado é o aumento do nível de colesterol. Sob tensão, o corpo faz com que o fígado passe a produzir uma quantidade maior de colesterol para se proteger. Como a saúde se relaciona diretamente com equilíbrio metabólico, qualquer substância em excesso provoca instabilidade, eleva a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos, que são fatores para desencadear, por exemplo, um infarto ou um acidente vascular cerebral.
Não podemos esquecer da Síndrome de Burnout. Muitos casos de estresse, ansiedade e depressão estão associados também ao trabalho. Pressão, cobrança, assédio moral, falta de motivação, entre outros fatores, afetam diretamente a saúde mental.
Os casos crônicos de estresse decorrentes, especificamente, de situações relacionadas ao trabalho foram definidos como Síndrome de Burnout. O primeiro passo para tentar fugir desta síndrome é a pessoa reconhecer o fato de estar exausta, insatisfeita e sobrecarregada no trabalho. O ato de assumir que algo não está bem é muito importante para que se tente mudar a situação. Somente assim a pessoa consegue iniciar uma mudança de postura e tomar novas decisões que favoreçam seu bem-estar mental.
Sabemos o quanto é difícil lidar com o estresse, sentir ansiedade e viver com um quadro de depressão. Por isso, o mais importante é que o paciente reconheça os sintomas e busque ajuda médica tão logo perceba que não está bem. E, sempre que possível, é essencial que cuide da mente e do corpo. Uma boa combinação de exercícios regulares, sono adequado e dieta balanceada ajudam a ter uma vida mais saudável. Garanto que seu coração agradecerá essa atenção!
Cardiologista e professora do curso de Medicina da UNISA