Por Pe. Lino Baggio*
No próximo sábado, dia 24, celebraremos o nascimento de São João Batista. Se olharmos do ponto de vista humano (refiro-me ao modo que a sociedade atual tem de medir as coisas e as pessoas), João Batista foi um fracassado: sua família era simples. Seu pai, Zacarias, era sacerdote do Templo de Jerusalém, mas morava fora daquela cidade importante. Não era sacerdote em tempo integral, mas servia no Templo por escala, como era costume na época. Não tinha filhos e já era de uma certa idade. Sua mãe, Isabel, era estéril, tinha também uma idade um tanto avançada, o que a fazia ser vista como uma infeliz, pois, não ter filhos, para os judeus daquela época, era não poder ter na família a possibilidade de que dela nascesse o Messias. Eles até duvidaram de que pudessem ter um filho naquelas condições. Eram sozinhos, tanto que Nossa Senhora resolveu ir até sua prima para ajudá-la durante a gravidez.
Vejamos o que a Igreja nos ensina a respeito do que Deus queria de São João Batista: 1) Profeta de transição entre o Antigo e o Novo Testamento e, por isso, um profeta privilegiado, pois viu Aquele que anunciava. Outros profetas apenas anunciaram o Cristo. João Batista teve a graça de, literalmente, apontar para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. 2) O Evangelho nos diz que recebeu o elogio do Senhor de maior entre os nascidos de mulher. 3) Foi o Precursor, aquele que preparou os caminhos do Senhor. De fato, como último dos profetas, foi a preparação imediata para a vinda do Messias tão esperado.
João Batista não fez muitas coisas, não fez tudo, mas fez bem-feitas todas as coisas que Deus lhe pedira. E, com referência àquilo que fez, àquilo que era sua missão, recebeu este grande elogio do Senhor. “É o maior dentre os nascidos de mulher.”
Um dia um jovem muito pobre, reza uma lenda, cansado de seus sofrimentos, recorreu a um sábio que habitava o alto de uma montanha. Disse que queria ficar rico e parar de ter dificuldades em sua vida. O sábio prontamente indicou um rio cheio de pedras de vários tamanhos. Mandou o rapaz passar um ano perto daquele rio e todos os dias ir procurar uma pedra mágica que transformava todos os metais em ouro. Bastava encontrar a dita pedra e esfregá-la em qualquer metal. O jovem partiu esperançoso. A última recomendação do sábio foi: “Dê atenção às coisas pequenas, a todas as pedras, seja perseverante e não se canse com a monotonia da rotina”!
Nos primeiros dias, o moço pegava em cada pedra, esfregava na fivela do cinto, olhava com atenção e descartava as pedras inúteis. Até que caiu na rotina. Esfregava as pedras na fivela e já nem olhava direito para a cintura. Passou-se um ano. Cansado e sem esperança de achar a tão famosa pedra, voltou ao sábio. Quando encontrou o homem de cabelos brancos no alto do monte, reclamou que foi em vão a sua tarefa. Mas se surpreendeu com a pergunta do velho sábio: “Se foi em vão o seu trabalho, por que a fivela de seu cinto é de ouro?”. Cada um tire as conclusões dessa historinha.
Quando nos descuidamos da nossa missão, das coisas pequenas que Deus nos pede, da constância em nossos dias, nem prestamos atenção à riqueza da graça de Deus que nos assiste em todos os momentos.
A missão de qualquer pessoa não consiste em fazer muitas coisas, mas em fazer com esmero e zelo o que Deus nos pede. E só nos colocando nas mãos Dele é que conseguimos cumprir com perfeição – a perfeição possível neste mundo – a nossa missão.
*Pe. Lino Baggio, SAC – Vigário Paroquial na Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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