Por Valdir Córdova Bicudo
O olhar feminino é o combustível necessário para acelerar a inclusão e a justiça social, combater desigualdades e melhorar a qualidade de vida de quem mais precisa.
O Dia Internacional da Mulher recebeu aval da Organização das Nações Unidas (ONU) apenas em 1975, mas as sementes desta data especial foram plantadas muito antes. A história começa em 1908, em Nova York. Naquele ano, milhares de mulheres foram às ruas para exigir direitos como redução da jornada de trabalho, salários melhores e direito ao voto.
A sugestão para criar uma comemoração internacional foi da ativista alemã Clara Zetkin, em 1910, durante uma convenção de mulheres socialistas realizada em Copenhague. No ano seguinte, Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça fizeram a primeira reverência oficial às populações femininas.
Mas o 8 de março só virou efeméride mundial em meio à primeira guerra. Foi em 1917, quando mulheres russas se mobilizaram por “pão e paz”. Desde então, o Dia Internacional da Mulher é uma data para destacar as desigualdades de gênero e para reivindicar avanços por direitos e oportunidades, e contra a prevalência das variadas formas de violência contra a mulher.
É óbvio que muitas coisas evoluíram em mais de um século. Contudo, ainda hoje continuamos vendo as enormes diferenças que envolvem homens e mulheres. O tempo passa, mas as pautas continuam muito semelhantes. No entanto, é importante valorizar a tenacidade feminina que sempre fará com que as conquistas sejam alcançadas com mais rapidez, nos diversos âmbitos da sociedade.
O universo masculino precisa entender que a emancipação da mulher é o processo de libertação de padrões sociais e culturais que restringiam a presença feminina nas mais diversas atividades. Hoje, todos nós temos que compreender e apoiar o axioma que diz que “lugar de mulher é onde ela quiser”. Elas não podem mais ser vistas unicamente como responsáveis pelos afazeres domésticos.
Lugar de mulher é, portanto, na política, na ciência, na cultura, na economia, na educação, no esporte, sem que sofram com atos de discriminação e opressão que vem de séculos. Temos que compreender, de uma vez por todas, que as mulheres devem ter o direito de controlar sua própria vida, e que isso é necessário para o desenvolvimento social, econômico e político de qualquer comunidade.
Nestes tempos, também é necessária uma união de esforços para combater a violência contra a mulher, seja por agressão física ou abuso sexual. Cabe lembrar que no Brasil houve pelo menos um caso de feminicídio por dia em 2022. Em relação à violência sexual, são mais de 70 mil casos registrados por ano. Estamos falando aqui de agressões contra mães, avós, irmãs e filhas.
O reconhecimento de que a mulher tem um papel fundamental nas nossas vidas é uma tarefa cotidiana. Não se trata de alimentar o pensamento ultrapassado de que elas geram filhos e cuidam da família e, por isso, merecem todo o nosso respeito. Essa é uma parte do processo, que nunca poderá ser esquecido. Mas precisamos ir além.
A mulher que já tem responsabilidades sobre a educação, saúde, nutrição e outros cuidados da família, também tem que ser respeitada profissionalmente, pela visão mais humana da sociedade, pela luta constante em favor dos direitos humanos, da preservação dos valores, das tradições e da cultura. O olhar feminino é o combustível necessário para acelerar a inclusão e a justiça social, combater desigualdades e melhorar a qualidade de vida de quem mais precisa.
Mais do que “pão e paz”, que este 8 de março sirva para novas reflexões sobre o papel da mulher no mundo. É uma data de celebração, mas também de reconhecimento. É um dia em que devemos expressar que a mulher é sempre bem-vinda, e que tem o direito de se sentir segura e respeitada onde ela quiser estar.
É uma data para defender o princípio da equidade e que todos os locais são acessíveis para mulheres, independentemente de raça, orientação sexual ou qualquer outra qualidade.
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