Padre Judinei Vanzeto
O Natal que se aproxima constitui-se na missão do Messias que vem salvar, libertar e promover a paz. Jesus não apenas se encarnou para ser um como nós, o Deus conosco – o Emanuel. Mas a sua vinda a este mundo consiste na divina missão de realizar a vontade do Pai. Por meio da Virgem Maria, a serva do Senhor, sua missão se torna concreta na vida do povo.
Em base ao Livro da profecia de Miqueias (5, 1-4), que exerceu seu ministério entre os séculos VIII/VII a.C., em Judá. O Messias tão esperado é anunciado! Seu nascimento se localiza na cidade de Belém, “pequena entre os clãs de Judá” (Mq 5,1). O nome ‘Belém’ significa ‘Casa do Pão’. Esta pequena cidade foi a escolhida para receber o ‘Pão vivo’ descido do céu. Já o nome ‘Éfrata’, significa ‘Terra frutífera’, ou também ‘a fecunda’. Isso reforça que a promessa da vinda do Messias será realizada, uma vez que a Palavra de Deus cumpre aquilo que anuncia.
Sendo ele da descendência do Rei Davi, Miqueias nos faz notar que a missão do Messias consiste em apascentar o rebanho do Senhor e promover a paz. Esta paz, anunciada no referido trecho, remete ao termo hebraico shalom que, por sua vez, significa tranquilidade, ausência de conflitos, abundância de vida, felicidade plena. A releitura cristã deste texto aponta para Jesus como o realizador desta promessa, aquele que pode trazer a verdadeira paz. A resposta humana a esta proposta de salvação consiste em acolhimento ou fechamento interior para a verdadeira paz.
Já no evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas, que relata a cena da visitação de Maria à sua parenta Isabel. Após a anunciação do Anjo Gabriel de que ela seria a mãe do Filho do Altíssimo, aquele que irá herdar o trono de Davi (Lc 1,31-32), Maria, a serva do Senhor, coloca-se a caminho da casa de sua parenta Isabel (Lc 1,39-41). Ela se dirige de uma maneira singular: ‘apressadamente’, o que significa dizer que Deus está ‘ansioso’, ‘tem pressa’ em nos salvar. Por isso, Deus mesmo vai ao encontro do seu povo, com a contribuição vital da Virgem Maria.
A saudação de Maria gera uma mudança radical na cena: a criança no ventre de Isabel estremece e ela ficou repleta do Espírito Santo (Lc 1,41). A presença de Jesus provoca um estremecimento gozoso, de alegria e paz, em todos aqueles que esperam pelo cumprimento das promessas de Deus. Maria é aquela que melhor contribuiu para que o Reino de Deus, na pessoa de Jesus, fosse instaurado no meio de nós.
A resposta à saudação de Maria, “bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42), remete ao cântico de Débora (Jz 5,24), num contexto em que se exalta Jael, mulher de Héber, por ter sido ela um instrumento de Deus para a realização da libertação do seu povo. Maria é este canal de graça, pelo qual Deus vem para nos salvar e nos libertar do pecado e da morte eterna!
Quando os cristãos católicos rezam a oração da Ave-Maria estão repetindo a saudação do Anjo Gabriel à Maria e também a exclamação de Isabel ao ser visita pela jovem de Nazaré.
No tocante ao cumprimento da nova aliança prometida pelo Senhor já não se realizará aos moldes da antiga. A encarnação do Verbo Divino é a irrupção desta aliança definitiva com o seu povo. Por meio da humanidade de Jesus descobrimos o projeto divino de amor que Deus Pai sonhou para com cada um de nós. Sigamos os ensinamentos de Jesus e aprendamos o verdadeiro sentido de sua e nossa relação filial com Deus.
Portanto, assim como Maria, sejamos para nossos irmãos e irmãs um canal da graça de Deus, instrumentos de libertação para todos aqueles que mais necessitam, por meio de palavras e ações concretas, especialmente neste tempo que se aproxima o Natal.
Que o verdadeiro sentido do Natal seja uma realidade em seu lar. Feliz Natal a você e sua família!
Jornalista, diretor administrativo da Rádio Vicente Pallotti, gestor da Unilasalle/Fapas Polo Coronel Vivida e pároco da Paróquia São Roque de Coronel Vivida-PR