Sabemos como são curtos os passos e os caminhos por onde a mentira transita. Não chegam ao destino almejado. Não se sustentam sobre as próprias pernas. Dia mais, dia menos, emerge a verdade, deixando ruborizados ou mesmo com cara de tacho os autores de qualquer autodefesa inconsistente ou argumentos sem o lastro da sinceridade. Não adianta, o Pai da Mentira é derrotado sempre. Afinal, essa é a alcunha mais popular daquele que enreda e tenta, a qualquer custo, tirar vantagens com suas mazelas e sutilezas mil. Apesar das constantes derrotas, defende suas mentiras como a mais cristalina das verdades.
Conclui-se, então: onde reina a mentira, reina também o espírito diabólico. Daí que é fácil perceber o resultado das tramas do mentiroso, os malefícios que provoca, a insegurança que semeia, o descrédito com que se cobre, as perspectivas que se esvaem onde a mentira impera.
No campo pessoal, é a mais desoladora das situações, pois quem carrega sobre si a pecha da mentira, da trapaça, da desonestidade estará sempre fadado ao insucesso e à derrota em suas empreitadas. Mesmo eventualmente se debatendo em tentativas da verdade, será vítima das artimanhas que seu passado construiu. Imaginem isso tudo na esfera social e política! O mais tétrico dessa história é que, todo dia, saímos da imaginação para assistir, de camarote, a esse espetáculo deprimente: a mentira está reinando entre nós.
Como sair dessa? Nada como proclamar a verdade, reconhecer a própria fraqueza, redimir-se publicamente e penitenciar-se pelos danos causados. Erros que exigem reparação. Princípios básicos da fé cristã que qualquer ser racional bem intencionado pode acolher e praticar. Mas aqui se encontra a raiz de todo mal: de boas intenções o mundo está cheio. A pergunta é: para que lado pendem essas intenções? Para o bem ou para o mal; para si próprio ou para o coletivo? E por aí vai… O maior obstáculo para diminuir esta problemática é a tentativa de imposição de nossas verdades, em contraposição com a Verdade revelada pela consciência, essa que sempre nos aponta os mandamentos do mais puro amor: Deus e sua justiça.
A luz da fé nos orienta sempre. Não adianta tecer longos discursos e mirabolantes processos de defesa sobre aquilo que construímos com o alicerce da mentira. Nenhuma tese, nenhum argumento ou palavreado complexo subsistirá sobre essa base. São Paulo já dizia que a letra mata; só o Espirito é capaz de dar vida, de justificar, de florescer tudo aquilo que pertence à verdade.
Nada de oculto neste mundo será permanente, pois o Espírito da Verdade tudo revela. Então, aqueles que fazem de suas falcatruas e artimanhas um símbolo de esperteza ou sabedoria, coitados! Um dia descobrirão que mais esperto e sábio é o avestruz, que esconde sua cabeça sob a areia quando se sente acuado, ameaçado. Ao menos a própria cabeça coloca a salvo. Quantos dos nossos sequer sabem onde enfiar suas cabeças diante de tantas mentiras, idiotices que se tornam públicas! A verdade, mais uma vez, triunfará. Com esta certeza no coração, prossigamos a nossa caminhada quaresmal.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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