No dia 08 de dezembro, domingo, a Igreja celebra a solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria. Neste artigo, vamos refletir com o Papa Francisco, sobre as atitudes de Maria como mulher da oração. Quando o mundo ainda não a conhece, quando é uma simples donzela, noiva de um homem da casa de David, Maria rezava, afirmou Francisco, numa de suas catequeses. Podemos imaginar a jovem de Nazaré, recolhida em silêncio, em diálogo contínuo com Deus, que em breve lhe teria confiado a sua missão. Ela já é cheia de graça e imaculada, desde a concepção, mas ainda nada sabe sobre a sua vocação surpreendente e extraordinária, e sobre o mar tempestuoso que terá de sulcar. Uma coisa é certa: Maria pertence ao grande exército dos humildes de coração, com quem Deus preparou a vinda do seu Filho, o “Emanuel”, Deus entre nós!
Maria não governa autonomamente a sua vida: espera que Deus tome as rédeas do seu caminho e a guie para onde Ele quer. É dócil, e com esta sua disponibilidade predispõe os grandes acontecimentos que envolvem Deus no mundo. O Catecismo recorda-nos a sua presença constante e atenciosa no desígnio benévolo do Pai e ao longo da vida de Jesus (cf. CIC, 2617-2618).
Maria encontra-se em oração, quando o Arcanjo Gabriel lhe vai levar o anúncio a Nazaré. O seu “Eis-me!”, pequeno e imenso, que naquele momento faz saltar de alegria toda a criação, na história da salvação tinha sido precedido por muitos outros “eis-me!”, por muitas obediências confiantes, por tantas disponibilidades à vontade de Deus. Não há melhor maneira de rezar do que colocar-se, como Maria, em atitude de abertura, de coração aberto a Deus: “Senhor, o que Tu quiseres, quando Tu quiseres e como Tu quiseres!”. Ou seja, o coração aberto à vontade de Deus. E Deus responde sempre.
Quantos fiéis vivem assim a sua oração! Quem é mais humilde de coração, reza assim: digamos com humildade essencial; com humildade simples: “Senhor, o que Tu quiseres, quando Tu quiseres e como Tu quiseres!”. Reza assim,sem se zangar porque os dias estão cheios de problemas, mas indo ao encontro da realidade e consciente de que é no amor humilde, no amor oferecido em cada situação, que nos tornamos instrumentos da graça de Deus. Uma oração simples, mas que consiste em pôr a nossa vida nas mãos do Senhor: que Ele nos guie! Todos nós podemos orar desta forma, quase sem palavras.
Maria reza com os discípulos de Jesus
Maria reza com os discípulos que atravessaram o escândalo da Cruz. Reza com Pedro, que sucumbiu ao medo e chorou de remorso. Maria está ali, com os discípulos, no meio dos homens e das mulheres que o seu Filho chamou para formar a sua Comunidade. Maria não age como sacerdote entre eles, não! É a Mãe de Jesus que reza com eles, em comunidade, como um membro da comunidade. Reza com eles e por eles. E, mais uma vez, a sua oração precede o futuro que está prestes a cumprir-se: por obra do Espírito Santo, tornou-se Mãe de Deus, e por obra do Espírito Santo, torna-se Mãe da Igreja. Orando com a Igreja nascente, torna-se Mãe da Igreja, acompanha os discípulos nos primeiros passos da Igreja, em oração, à espera do Espírito Santo.
Em silêncio, sempre em silêncio! A prece de Maria é silenciosa. O Evangelho só nos narra uma oração de Maria: em Caná, quando pede ao seu Filho, por aquelas pobres pessoas, que estão prestes a fazer má figura na festa. Mas, imaginemos: oferecer uma festa de casamento e terminá-la com leite, porque não havia vinho! Mas que vergonha! E Ela suplica e pede ao seu filho que resolva aquele problema. A presença de Maria é por si só oração, e a sua presença entre os discípulos no Cenáculo, à espera do Espírito Santo, é orante. Assim, Maria dá à luz a Igreja, é Mãe da Igreja. Maria diz aos discípulos: “Fazei o que Ele vos disser”, indicando sempre com o dedo, Jesus. Esta atitude é típica do discípulo, e ela é a primeira discípula: reza como Mãe, ora como discípula.
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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