A demanda local, medida pela variável consumo aparente nacional (CAN), teve alta de 0,4% e o índice de utilização da capacidade instalada registrou o patamar de 73% de taxa de ocupação das instalações. No que se refere ao índice de preços, a variável teve a terceira elevação consecutiva, com alta de 4,93% em outubro, pressionado pelo mercado internacional e por altas de custos de matérias-primas e insumos básicos.
De acordo com a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, os resultados do segmento de produtos químicos de uso industrial nos últimos 30 anos revelam a existência de diversas oportunidades criadas pelo mercado e pelo crescimento da demanda.
“Essas oportunidades poderiam ter sido convertidas em investimento e em crescimento, gerando valor e renda para o Brasil, mas, infelizmente, quem se beneficiou dessa alta foram as importações, que cresceram expressivamente. Neste ano, o setor deve registrar recorde histórico de déficit na balança comercial, superior a US$ 40 bilhões”, afirma.
A demanda química teve crescimento médio anual de 3% entre 1990 e 2020, enquanto a produção interna subiu 1,5% ao ano, metade do crescimento anual do CAN, e as importações cresceram 9,5% ao ano. Nos últimos dois anos de observação, a taxa de crescimento do CAN ficou três vezes acima da taxa média histórica.
“A pandemia tem mostrado ao mundo quão importante é ser autossuficiente na produção de produtos estratégicos, básicos e essenciais, como os utilizados na área de saúde e alimentação, sem depender de outros países”, diz Fátima.
Segundo ela, o Brasil é competitivo na produção agrícola, mas depende de insumos químicos importados e acaba correndo riscos por conta dessa elevada dependência, como a que vem sendo observada atualmente com a China e com a Rússia, que ameaçam reduzir as vendas de fertilizantes para o mundo, podendo afetar a agricultura brasileira.
A executiva da Abiquim explica que os segmentos mais expostos ao mercado internacional como o químico, não têm conseguido competir.
“Em momentos como o atual, com desvalorização do Real e mudanças estruturais no comportamento da demanda mundial, fica reforçada a necessidade de se acelerar as medidas da agenda positiva junto ao governo federal. Também são urgentes a reforma tributária, a solução de deficiências logísticas e outras, que tem como objetivo a redução do custo Brasil e a eliminação das distorções que impõem custos ao país que não são compatíveis com os que se praticam no mercado internacional”, afirma acrescentando que esses custos locais são tão severos que, muitas vezes, nem mesmo a elevada depreciação do Real compensa.
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