A lista indicada pelos minoritários inclui o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que deixou a estatal recentemente por pressão política do presidente da República, Jair Bolsonaro. Além dele, compõem o grupo o advogado Marcelo Gasparino, que foi reeleito para o segundo mandato como titular, a ex-CEO da Lacoste e conselheira de BB e Grupo Soma, Rachel Maia, e Mauro Cunha, ex-presidente da Associação dos Investidores no Mercado de Capitais (Amec).
Entre os indicados pelo Comitê de Nomeação da Vale, foram eleitos nomes ligados aos antigos controladores da Vale: o presidente da Previ, José Maurício Coelho, Fernando Buso, da Bradespar, e Ken Yasuhara, ex-diretor da Mitsui. A Vale indicou 12 nomes, sendo oito classificados por seu comitê de nomeação como independentes. Dos indicados, apenas cinco são estreantes, enquanto os demais já atuam no board da mineradora: José Duarte Penido (CEO da Samarco de 1992 a 2003); Eduardo Rodrigues (sócio da CWH Consultoria e ex-diretor da Rio Tinto), Murilo Passos (chairman de São Martinho e Tegma), Roger Downey (ex-presidente da Vale Fertilizantes) e o britânico Ollie Oliveira, que passou pelas mineradoras Anglo American e DeBeers.
Ficaram de fora do board a consultora em governança corporativa Sandra Guerra,o australiano Clinton Dines, ex-CEO da BHP na China; a americana Elaine Dorward-King, ex-head de Saúde e Meio Ambiente da Rio Tinto; e a brasileira Maria Fernanda Teixeira, executiva com experiência em altos cargos de direção e conselhos de empresas da indústria de tecnologia da informação.
O resultado mostrou uma reviravolta em relação ao que aparecia no mapa que computava os votos emitidos à distância e pelos detentores de American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações da Vale negociados no exterior). Castello Branco e Yasuhara, que apareciam na lanterna, acabaram sendo eleitos, assim como o presidente da Previ – o mais votado, com 4.157.467.424 bilhões de votos – e Buso, da Bradespar. O ex-presidente da Petrobras foi o sétimo nome mais votado, com 3 bilhões de votos.
A eleição dos minoritários promete abrir espaço para um maior contraditório dentro do conselho. Recentemente, Cunha fez severas críticas à proposta da Vale de adotar o voto negativo nas eleições do colegiado, que comparou a um “sistema de bolas pretas” adotadas por clubes. Já Gasparino registrou voto contrário à proposta e acabou impedindo a Vale de adotar o modelo ao levar o caso à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Já Rachel Maia será o maior ponto de diversidade dentro do board, como única mulher e negra.
O novo conselho da Vale é o primeiro eleito após o fim do acordo de acionistas da mineradora, vigente desde sua privatização, em 1997. O mercado acompanha o caminho da companhia para se firmar como uma corporation, isto é, uma empresa sem controle definido.
Atualmente cerca de 55% do capital da mineradora está nas mãos de investidores estrangeiros, mas os antigos controladores ainda detêm participação relevante. Previ, Bradespar e Mitsui têm 21% do capital da Vale. A mineradora, entretanto, tem outros acionistas de referência de peso, como BlackRock (5,29%) e o grupo Capital, com um total de 11,3%. Os fundos da Capital fazem parte dos que solicitaram o voto múltiplo e apoiaram candidaturas alternativas.
A assembleia ainda segue para a eleição do presidente do conselho, cargo disputado entre Penido e Castello Branco.
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