Jean Paraskevopoulos e Frank Meylan
Em 2022, O Admirável Mundo Novo, antológico romance distópico de Aldous Huxley, publicado em 1932, completará 90 anos. Quase um século depois, muito do conteúdo desse best seller torna-se realidade: desde 2020, quando a pandemia eclodiu, temos assistido a uma disrupção e a uma transformação digital sem precedentes. Empresas e pessoas deram grandes passos na adoção de soluções tecnológicas. Há uma nova realidade, que acelerou sobremaneira a adoção da inteligência artificial, da internet das coisas e da hiperautomação. Assim, é fundamental agregar esse potencial às empresas.
Todos os negócios tenderão a se tornar globais e digitais. Surge, depois da internet e das redes sociais, a Web 3 descentralizada, que cria novos processos de governança. É o chamado metaverso, do qual todas as organizações terão de participar. A Coreia do Sul, no âmbito de um projeto denominado Seul 2030, está investindo US$ 3 bilhões para ingressar nesse novo espaço virtual, no qual pessoas físicas e jurídicas poderão acessar todos os serviços do poder público.
Cabe observar, também, o que está ocorrendo na China nos últimos seis anos, quando ultrapassou os Estados Unidos em número de patentes. Porém, 2021 ficou marcado como o ano em que assumiu a liderança mundial em publicações científicas. Ademais, tem 60 milhões de programas/aplicativos no contexto da nova revolução tecnológica. Dentre os pilares chineses para 2025, inclui-se a meta de dominar a indústria automobilística.
Estamos vivendo em um mundo no qual quem não entregar valores, experiências e serviços ficará de fora. Será inevitável a transformação para uma sociedade diferente, a da imaginação, da superinteligência, da ética e do conhecimento científico, na qual as empresas terão de ser cada vez mais preditivas, muito pautadas pelos valores e talentos humanos e por princípios de responsabilidade social, ambiental e governança corporativa pautada nas melhores práticas.
É fundamental que as empresas saibam como fazer uso de toda essa tecnologia. A hiperautomação permite acelerar muito o conhecimento sobre o cliente e suas experiências. Nesse sentido, é importante a aproximação das áreas de TI e operações/negócios. Cabe considerar, ainda, que muito dessas mudanças são produzidas pelas startups, cujo crescimento deverá continuar sendo exponencial, conforme se observa nos últimos anos.
No novo ambiente tecnológico, as tarefas manuais e repetitivas devem ficar cada vez mais a cargo da inteligência artificial, disponibilizando mais tempo e energia para aquilo que exige o talento e a intelectualidade do ser humano. É fundamental, ainda, fazer com que a experiência do cliente seja uma grande alavanca de negócios. Aspecto importante para que tudo isso seja viabilizado, principalmente nas nações emergentes, é a capacitação profissional e o ensino, pois está ocorrendo grande mudança na natureza do trabalho e das profissões.
A tecnologia está mesmo criando uma realidade totalmente disruptiva. Cabe a cada um de nós, aos governos e às empresas fazerem com que as mudanças priorizem a qualidade da vida, mitiguem as desigualdades e sejam sustentáveis, política e ambientalmente corretas. Ao contrário da sociedade descrita no Admirável Mundo Novo, precisamos fazer da inteligência artificial e da hiperautomação as ferramentas para que tenhamos uma civilização global melhor!
Jean Paraskevopoulos é sócio-líder de Clientes e Mercados da KPMG no Brasil e na América do Sul, e Frank Meylan é sócio-líder de Tecnologia, Transformação Digital e Inovação da KPMG no Brasil e na América do Sul