Maria Jamile acompanhou Roberto Dias no depoimento à CPI da Covid, na última quarta-feira, 7. Na ocasião, ele recebeu voz de prisão do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) por falso testemunho.
A advogada acompanhou todo o procedimento burocrático na polícia legislativa, que durou cerca de seis horas, e providenciou os trâmites para que o ex-diretor fosse liberado após pagamento da fiança estipulada em R$ 1.100.
Diante dos policiais do Senado, Dias poderia reparar pontos do depoimento prestado aos senadores. Contudo, ele sustentou ter dito apenas a verdade e não mudou nenhum aspecto de sua versão.
Após a prisão, a advogada classificou o episódio como ilegal e abusivo. “Sua prisão, por inexistente flagrante de igualmente inexistente crime de falso testemunho, representa triste marco na história democrática de nosso país. A prisão foi ilegal, vez que decretada em razão de mera divergência de versões, sem que se comprovasse qualquer falsidade; e abusiva, pois imposta com o claro intuito de constranger”, disse, época.
No documento enviado à polícia do Senado, Omar Aziz pontuou que “foram verificadas diversas contradições” e que “o depoente optou conscientemente por não se retratar a respeito de qualquer termo de seu depoimento”.
Entre as versões contraditórias apontadas por Aziz, o fato dele Dias ter dito desconhecer que os seus superiores tentaram exonerá-lo, a declaração de que não sabia quem viabilizou sua permanência na função e a versão de que não marcou encontro com o policial militar Luiz Paulo Dominguetti. Segundo o ex-diretor a reunião, em 25 de fevereiro, ocorreu por acaso.
Mensagens trocadas pelo policial com interlocutores davam conta de que o encontro ocorreria. Apresentado como representante da Davati, empresa que buscava fazer negócios com o ministério, Dominguetti afirmou, em depoimento à CPI, que, durante um jantar com Dias em Brasília, o então diretor pediu US$ 1 de propina sobre cada uma das 400 milhões de doses que a Davati queria vender ao governo.
Roberto Dias também é alvo de uma denúncia feita pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e pelo irmão dele, o servidor do ministério Luis Ricardo Miranda. Ambos afirmam que o então diretor foi um dos que pressionaram o funcionário para que liberasse a importação da vacina indiana Covaxin mesmo com inconsistências no processo. Procurado, Roberto Dias não se manifestou.
Comentários estão fechados.