Não nos resta dúvidas de que o momento presente dá ares de alucinação em massa, isso em todas as direções, sentimos na pele os absurdos que antes eram inconfessáveis e hoje são descritos em tempo real sem a menor cerimônia, lamentável as inúmeras posturas estapafúrdias proclamadas por seres que mal sabem onde estão ancoradas as suas vãs e quimeras alucinatórias, estupros mentais cotidianos pululam a todo vapor, as vítimas mal sabem de onde eles partiram, o que a humanidade levou séculos para firmar como certeza, hoje são meras questões que não importam mais, de tantas certezas que a humanidade obteve através de muito esforço mental e intelectual, viraram incertezas postas em xeque vinte quatro horas por dia,; a policrise teve um mérito sem igual, isto é, jogou tudo e todos no fundo do poço e só sairemos dele quando todos se convencerem da união de forças.
Mas existem certas coisas que por mais que tentemos disfarçar ou fingirmos que não existem, elas estão aí no nosso quintal, por mais que criemos rotas de fugas momentâneas, que nos amparemos em visões distorcidas de alguns líderes inescrupulosos, por mais que se tente difamar e menosprezar pesquisas sérias e muito bem fundamentadas, precisamos falar abertamente, sem meias palavras, sem meias verdades, precisamos alertar sem causarmos catastrofismos, sem sermos profetas do apocalipse, sem querermos usar da vulgaridade, exemplos não nos faltam sobre a realidade água, esse elemento vital em nossas vidas, líquido precioso de onde brota a vida na sua inteireza, no seu esplendor, tanto o seu excesso, quanta a sua falta pode nos levar à morte e nos últimos tempos essas duas situações tem deixado a população mundial preocupada, apreensiva e menos segura.
O recém iniciado século XXI revelou todo um mundo construído na areia, sem base e sem muito menos fundamentos, esse novo mundo por mais que tente nos convencer de que o futuro será abundante, não é o que estamos presenciando; abundantes são as guerras vergonhosas, abundante é a fome, abundante é a falta de vontade política em solucionar os problemas mais elementares da espécie humana, abundante é o crime das somas vultosas gastas em reaparelhamento de todo tipo de armas, abundante é a inércia das Nações Unidas quando se trata de falar e agir sobre o meio ambiente, a água, as diferentes crise climáticas, abundante hoje é tratar o bem como mal e o mal como verdade absoluta a ser imitado desde a mais tenra idade; no labirinto que se encontra o século XXI, falta o fio que pode nos livrar do pior e que muito poucos estão interessados em achá-lo.
O último dia 22 de março foi apenas mais um dia no calendário, uma data qualquer sem relevância alguma, aliás o que tem sido uma constante, foi o dia que a ONU instituiu para tomarmos consciência da importância que a água tem em nossas vidas e no meio ambiente integral, água é direito humano fundamental, que se não for cuidada, respeitada e principalmente protegida, logo estaremos imersos numa crise sem precedentes e de modo planetário, sabemos por diversos meios que ela está nos abandonando, ela está deixando de cuidar de nós, está nos rejeitando, tornando tudo em nossa volta ainda mais desigual; água nos ajuda, nos salva, mas ela também tem o poder de nos perverter, liberando em nós forças monstruosas e até mortíferas; a instrumentalização do mundo como estamos vendo hoje, é uma forma nada benéfica para nós e todo o meio ambiente.
Bioeticamente, muitas e muitas situações que nos dizem respeito direto e são vitais para a permanência humana nesse belo Planeta, não é assunto para ser discutido de forma leviana e banal como muitos pensam, estamos muito distantes de um querer bem universal, pensamos ingenuamente que é o nosso sucesso que nos salvará, quando na verdade será sim os nossos fracassos que nos mostrarão qual a melhor rota a ser seguida e assim nos salvarmos todos; as diversas tecnociências apenas mascaram uma forma de força que na verdade não temos, de que nos adiantará termos os melhores computadores, os carros mais velozes, os melhores meios de comunicação e nos faltar água? Carros ultra velozes nos darão água? Computadores matarão a sede? produzirão alimentos, sem a presença do líquido precioso? Água, não brinquemos com ela, não sejamos tolos em destruí-la.
Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com
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