Padre Judinei Vanzeto
Os antigos filósofos gregos afirmavam que tudo vem da água. A ciência moderna, por sua vez, tem demostrado que a vida, de fato, se originou na água e que ela se constitui a matéria predominante em todos os corpos vivos. Por mais que tentemos, não somos capazes de imaginar um tipo de vida em sociedade que dispense a utilização da água para a própria sobrevivência. Os seres humanos necessitam dela para beber, cozinhar, higiene do lar e no campo e na cidade, para uso industrial, irrigações agrícolas, geração de energia, navegação etc.
A estrutura peculiar das moléculas de água é responsável por uma série de propriedades particulares. Além disso, a água é um dos componentes que existem em maiores proporções na formação do Planeta Terra. Dessas propriedades particulares e ímpares, resultam várias características fundamentais do ambiente terrestre no tocante aos biomas e seus estados: líquido, sólido e gasoso.
O filósofo peripatético Aristóteles (384-322 a.C.) e outros naturalistas acreditavam que o mundo era formado por apenas quatro elementos básicos, a saber: a água, o fogo, a terra e o ar. Elementos estes teriam produzido o úmido e o seco, o calor e o frio. A água, para eles, era um corpo simples, primário, não podendo ser decomposto em substâncias mais elementares. Essa ideia durou por quase dois mil anos, quando, no século XVIII, o químico e teólogo inglês Joseph Priestley (1733-1804), a decompôs.
Joseph Priestley sintetizou a água por combustão do hidrogênio mediante aquecimento explosivo. Nesse período da ciência moderna, na França, Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794) foi quem realmente demostrou que a água era composta por dois elementos químicos: o oxigênio e o hidrogênio. Mas foi um outro francês, Louis-Joseph Gay-Lussac (1778-1850), e o prussiano Alexander Von Humboldt (1769-1859) que verificaram que a proporção entre um elemento e outro, na molécula da água, era de dois para um, o que conduziu, finamente, a conhecida fórmula H2O.
Hoje, segundo o site de Pesquisa FAPESP, a “fórmula da água não é mais a mesma, pelo menos do ponto de vista dos nêutrons e elétrons que interagem com a molécula da água por uns poucos attosegundos (1 attosegundo corresponde a 1 trilionésimo de segundo). Experiências feitas na Universidade de Berlim, na Alemenha, revelaram que, durante as colisões ultra-rápidas com a água, os nêutrons e elétrons não encontram mais que um átomo e meio de hidrogênio para cada átomo de oxigênio – algo mais parecido com H1,5 O do que com o tradicional H2 0 (Physical Review Letters, 1º de agosto)”.
Portanto, ainda segundo o mesmo site, “a fórmula da água não deverá ser a única a sofrer revisões com essa janela de tempo denominada attosegundo, capaz de revelar efeitos quânticos de duração tão ínfima que antes nem podiam ser apreendidos. Mais que revisar fórmulas, essas experiências abrirão caminho para o entendimento das reações químicas que ocorrem em uma escala de 100 a 500 attosegundos, já que os estudos a laser nessa escala permitem seguir a trajetória do elétron dos átomos para a molécula”.
Enfim, passando pelos filósofos antigos, a ciência moderna e as novas descobertas sobre a fórmula da água, a preocupação em pleno século XXI deve ser a falta d’água. As nascentes estão sumindo, os banhados sendo drenados, os rios baixando seus volumes. Quem sabe a próxima pandemia será a falta d’água. Haverá guerras por uma só gota d’água. E ainda os governos insistem na construção de usinas hidrelétricas. Pois quando terminar as construções das barragens, não terá água para encher seus reservatórios. Não haverá água suficiente para tocar com força os geradores. Não obstante, existem outras fontes renováveis de energias que precisam ser exploradas, evitando, assim os impactos ambientais, sociais e econômicos. Tendo um olhar para o futuro próximo, a construção de usinas hidrelétricas é um tiro no pé da humanidade.
Padre, jornalista, diretor administrativo da Rádio Vicente Pallotti, gestor da Unilasalle/Fapas Polo Coronel Vivida e pároco da Paróquia São Roque de Coronel Vivida-PR