Desde o início do ano, está em operação no País uma plataforma que conecta quem tem espaço disponível com quem está à procura de áreas para locação. Ela atua em 200 cidades, incluindo todas as capitais e o Distrito Federal. “Queremos ser o ‘Airbnb’ do armazenamento”, diz Mario Quintanilha, CEO da startup All In Storage.
Ex-executivo e acionista da Aliansce Sonae, do setor de shoppings, Quintanilha diz que a inspiração do negócio veio de uma necessidade pessoal. De mudança de São Paulo para Florianópolis (SC), acabou deixando os pertences em dois quartos na casa de um amigo. Após o primeiro ano de ocupação, resolveu pagar um aluguel. “A ideia de ter uma empresa de compartilhamento de armazenagem veio daí.”
Nos Estados Unidos, há empresas de compartilhamento de armazenagem em áreas de vizinhança, como a Neighbor, assim como no Canadá, na Austrália e na Europa. Mas no Brasil o segmento é muito novo. Aqui até o mercado de self storage, que são grandes companhias voltadas para a guarda de objetos, está engatinhando. Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), aponta dois obstáculos ao avanço do self storage no País: não fazer parte da cultura do brasileiro e o valor da locação ser alto para o mercado.
Pandemia. A startup que começou a operar na pandemia foi turbinada por ela. Com a queda na renda provocada pela paralisação de atividades, várias pessoas começaram a locar cômodos vagos da casa para armazenagem, a fim de obter uma renda extra.
Esse foi o caso do consultor financeiro autônomo Fabio de Paula. Em abril, ele decidiu alugar por meio da plataforma a garagem vaga. “Era um cômodo independente da casa, que estava em reforma”, explica.
E encontrou um interessado em guardar os móveis no local. Pela locação, de Paula recebe cerca de R$ 300 por mês, após descontos da comissão mensal da startup, que varia entre 15% e 20% por promover o “match”.
Na plataforma, o aluguel oscila entre R$ 10 a R$ 15 o metro quadrado, a metade de uma locação em self storage, diz o executivo. Outras vantagens são a burocracia reduzida, a locação mínima de um mês e o processo todo online. O que joga contra é que, em caso de sinistro, a responsabilidade é só do locador, de acordo com os termos do contrato da startup.
Novo negócio. O engenheiro Bruno Yoshida foi outro que entrou no segmento de compartilhamento de armazenagem por causa da pandemia. Quando a crise sanitária começou, ele tinha alugado um galpão para abrir uma loja de autopeças e aguardava só a licença para funcionar. Com o lockdown, desistiu da loja física. Na época, pensou em devolver o galpão. Mas, fuçando na internet, descobriu a plataforma e um novo destino para o espaço vago: compartilhamento de armazenagem. “Foi no susto, pois eu e meu sócio tínhamos outro projeto.”
Yoshida dividiu o galpão em boxes e abriu uma empresa, a iBox. Hoje tem 30 boxes de armazenagem, dos quais 16 estão locados. A expectativa é de chegar a 80 boxes neste ano. “Ainda não estou lucrando, mas o cenário é muito bom”, diz o engenheiro. Ele aluga 40% do espaço por meio da plataforma e o restante por conta própria. Entre os clientes há famílias se mudando, profissionais liberais que reduziram consultórios e os pequenos e-commerces.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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