Comer na escola o que foi produzido na horta de casa. Essa é a realidade de muitos alunos da rede municipal de ensino em Vitorino. Ao menos uma vez todos os dias, os 890 estudantes se alimentam do melhor que essa terra mesmo produz.
São 23 agricultores cadastrados que destinam os frutos de sua produção para o cardápio da creche e das escolas municipais. Isso ocorre em consonância com a Lei Federal 11.947/2009 que determina no mínimo 30% do valor repassado aos estados e municípios pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) seja utilizado no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar. O processo de aquisição é realizado por Chamada Pública todo início de ano, e para participar o agricultor interessado precisa estar com a DAP regularizada – que é a Declaração de Aptidão ao Pronaf.
Segundo a nutricionista do município, Lucelia Maria Zatta Bertoncello, o cardápio é realizado conforme os produtos que estão disponíveis no período e o que os agricultores conseguem repassar. “Agora como tem muito poncã, laranja, vergamota, tangerina, limão, eu as peço para enriquecer a alimentação escolar. Porque eu sei que é mais fresco e da época, e possuí mais vitaminas e minerais”, afirma Lucelia.
Em 2021 a pandemia ocasionou a suspensão das aulas presenciais e naturalmente o município teve uma demanda menor na merenda escolar. Mas este foi um ponto fora da curva. Nos anos anteriores o investimento chegou em sua totalidade do recurso destinado pelo PNAE, e neste ano a expectativa é utilizar novamente 100% do repasse. “Alho, vinagre, ovos eram artigos que não comprávamos da agricultura familiar, mas que este ano estamos adquirindo para enriquecer a alimentação de nossas crianças”, frisa Lucelia.
As crianças se alimentam de uma nutrição mais diversa e o município também cria oportunidades aos agricultores, como afirma o prefeito Marciano Vottri. “É mais um canal de comercialização e venda para o agricultor familiar, pois a grande maioria das propriedades se configuram como unidade familiar de produção”. Ainda conforme Vottri, “é um importante programa que gera renda e melhora também a alimentação escolar diminuindo o consumo de produtos ultra processados”.
Até mesmo para o chá utilizado nos lanches a preferência está em produzir através de frutas de produtores regionais, ainda que para isso, uma readequação nutricional necessite ser realizada. “Ao invés de comprar chá mate, compramos o abacaxi e fazemos uma troca. Por ser tudo in-natura, às vezes não vem o abacaxi, então é um desafio regularizar os micronutrientes”. Segundo a nutricionista, os alunos de 1º a 5º ano fazem ao menos uma refeição ao dia na escola. Na educação infantil são 30 crianças que além dos lanches, também almoçam na creche.