Metrópolis completa um ano de novo formato e comemora resultado da audiência

Há 33 anos no ar, o programa Metrópolis, da TV Cultura, se deparou com um dilema. Logo que a pandemia começou e as atividades culturais, sua principalmente matéria-prima, foram interrompidas. Como, então, se manter na grade da emissora diariamente?
Os quase três meses em que o programa ficou fora do ar – algo inédito em sua história -, logo nesse “susto” inicial, acelerou a mudança que seu diretor, Marcos Maciel, já planejava há pelo menos 6 anos.
“Um dia, eu e a Adriana Couto (uma das apresentadoras do programa) sentamos e conversamos sobre como mudar as passagens, amarrar melhor as pautas, deixar um pouco de lado aquela coisa de sair, gravar matérias, voltar e editar correndo para já colocar no ar”, diz Maciel, que atribui à rotina a demora para essas alterações terem sido colocadas em prática.
No ano passado, diante das restrições de estar nos espaços culturais ou receber convidados no estúdio, elas foram concretizadas. “Foi a maior revolução que Metrópolis já passou”, diz o diretor. As mudanças foram apresentadas a Del Rangel, então diretor de programação da TV Cultura, que também contribuiu com ideias Cultura. O profissional morreu em julho de 2020, poucos dias após a estreia do novo formato.
De um programa diário de 15 a 20 minutos de duração, o Metrópolis voltou com dois diferentes formatos: de segunda à quinta-feira com edições de 5 minutos, o chamado drops, gravado de forma remota, e, na sexta-feira, uma edição maior, com 30 minutos de duração, feita no estúdio – que também ganhou nova ambientação, algo parecido com uma casa-atelier.
A ideia era rejuvenescer a audiência e pegar o público que atualmente procura por um conteúdo menor nas redes sociais ou na tela do celular. Cada tema, agora, é apresentado por uma hashtag para conectar dois assuntos diferentes – similares ou antagônicos. Artistas da periferia, antes mostrados como algo à parte, entram no debate sobre uma série ou filme que acabou de estrear em alguma plataforma de conteúdo, por exemplo. A nova identidade visual, com multitelas, deixou o programa mais ágil.
“Com a possibilidade de estarmos on-line, retomamos a brasilidade do programa e o tornamos mais a casa dos artistas independentes que buscam o reconhecimento. Sempre tivemos isso, inclusive, nos anos 1990, estivemos em Recife e presenciamos o surgimento do manguebeat. Mas, com o tempo, e também por conta de questões operacionais, estávamos muito presos ao circuito alternativo da Vila Madalena/ Pinheiros. Queremos olhar para a periferia do Brasil e para as pautas identitárias”, diz Maciel.
Em um dos drops, chamado de ‘As bruxas estão soltas’, exibido em junho, o repórter Rodrigo Leitão juntou a estreia da segunda temporada da série Sombras e Ossos, da Netflix, com Pamela Ribeiro, uma artista e bruxa da periferia de São Paulo, conhecida nas redes sociais como @abruxapreta.
Em outro, com o tema ‘vingança’, o apresentador Cunha Jr., que é formado em psicanálise, apresenta o editorial que escreveu direto de seu home estúdio. Ele aborda o lançamento do filme Bela Vingança, de Emerald Fennell, e amarra o tema com imagens do compositor Lupicinio Rodrigues, cenas de produções como V de Vingança (2005), Bastardos Inglórios (2009) e Coringa (2019).
Os programas exibidos às sextas-feiras, com 30 minutos de duração, seguem o formato mais tradicional do Metrópolis, mas com o acréscimo de um telão, por onde são feitas as entrevistas. A intenção da direção é a de que, com o fim da pandemia, quando os convidados puderam voltar ao estúdio, o acessório permita que os apresentadores conversem com artistas que estejam em outras cidades do país.
A mudança refletiu na audiência do programa. De acordo Maciel, o Metrópolis, que antes ficava entre 0,4 e 0,5 de média, passou para 0,8, chegando até 1,4 – isso para os programas de 5 minutos. Aqui é preciso entender a audiência dentro do padrão da TV Cultura.
O público, que era 40% de 50 +, também rejuvenesceu. “Conseguimos, pelo formato ou horário de exibição, conquistar a faixa de 24 a 35 anos, que já está na mesma faixa de 35 a 49 anos. O 50 +, agora, é menor que os demais. O público feminino também aumento”, explica Maciel.
Para marcar o aniversário de um ano do novo formato, nesta sexta-feira, dia 30, o Metrópolis terá, pela primeira vez, uma empena em seu estúdio. A primeira obra preencher a parede que a partir de agora dará espaço à arte de rua e ao grafitti será uma colagem da artista Manuela Eicher. O programa também exibirá uma reportagem especial sobre a cultura na era pós-pandemia com depoimentos do produtor cultural e cientista político Márcio Black e da gestora cultural Rebeca Brandão, criadora de um aplicativo para conectar profissionais do setor.
você pode gostar também

Comentários estão fechados.