Alterações bruscas no clima podem dificultar a vida do agricultor no Sudoeste

Mesmo com condições de plantio dificultadas pelo atraso na colheita da soja, o Zoneamento Agrícola para Risco Climático (Zarc), para o milho safrinha no Paraná não será alterado. Consequentemente, o zoneamento do feijão também não será prorrogado. Isso provavelmente deve influenciar a produção do feijão em todo o Brasil nas próximas décadas, provocando inclusive uma alteração nos calendários dos zoneamentos. Segundo estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, uma elevação na temperatura de até 2,8ºC deve ocorrer nas próximas duas décadas. Isso significa dizer, que efeitos como o La Ninã e El Ninõ serão frequentes, e o produtor rural terá que lidar com isso.

Na microrregião de Pato Branco, o que se observa sobre a plantação do feijão é o movimento comum para primeira safra menor, com finalidades de obter sementes, para após, em uma segunda safra, realizar um plantio maior. Segundo o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), Ivano Carniel, a data limite do zoneamento do feijão, é o fim de fevereiro. “Esse prazo já expirou e o plantio está quase no final. Alguns produtores eles não conseguiram fazer porque estão tentando colher a soja e plantar em cima, consequentemente alguns devem plantar fora desse zoneamento e ficarão descobertos do seguro e do financiamento, ou seja, arriscando por conta própria”.

Os zoneamentos, de acordo com Ivano, são realizados por estudos climáticos justamente para evitar problemas de ordem climáticos. Um exemplo, é o plantio de milho na nossa microrregião na segunda safra 21/22. “A safra do ano passado foi um caso atípico, porque nós tivemos problemas de estiagem na primeira safra o que acelerou a soja. O produtor conseguiu colher a soja e logo plantar o milho. O resultado foi que ano passado, tivemos a maior área de milho já plantada em termos de segunda safra”.

O zoneamento do milho segunda safra acaba no fim de janeiro, e nos anos anteriores à última safra, os casos foram diferentes. Ao invés de um plantio recorde dentro do prazo, as entidades representativas do setor pediam ao Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), uma prorrogação do prazo para realizar o plantio. “O que se observou foi que, quem plantou milho após o período teve implicações de ordem climática, como problema de geadas e alguns problemas relacionados à estiagem”. Como estavam cobertos pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (ProAgro), os produtores do Sudoeste, em proporção, foram considerados os que mais acionaram o seguro.

“O ano passado da primeira safra de soja, por exemplo, ela foi plantada no período certo, mas nós atravessamos um período de estiagem muito grande por influência do La Ninã, tanto que o Paraná que esperava produzir 20 mil toneladas de soja na safra 21/22 acabou produzindo só 12”, explica Ivano. Na atual safra 22/23, a área de milho plantada deverá ser um pouco menos da metade, com relação ao ano passado, onde foram plantados 82 mil hectares na microrregião de Pato Branco.

Já a área de plantio do feijão, será 30% menor com relação ao ano passado, onde foram plantados 108 mil hectares da leguminosa.

Área de plantio do feijão, na microrregião, deve diminuir em 30% comparado ao ano passado
Crédito: CNA/Agência Brasil

Soja

A atual colheita da soja, conforme Ivano, ocorre em nossa região de forma lenta, justamente pelas mudanças climáticas, no caso, as chuvas contínuas entre o período de fevereiro e início de março. “Nós acreditamos que essas chuvas não devam ter influência em termos de perdas de produtividade aqui na microrregião”, que segundo expectativas deve produzir 1,4 milhões de toneladas de soja, resultados de 345 mil hectares de área plantada, o que corresponde a 6% da produção do estado do Paraná. Até o presente momento, foram colhidas 35% das áreas plantadas.

Para o técnico do Deral, o volume é significativo, tendo em vista as perdas ocorridas na última safra. “Esse volume de soja é importante aqui para nossa região porque ele deve recompor a nossa produção, tendo em vista que se perdeu o ano passado numa área plantada parecida com o que nós temos esse ano. Foram produzidas 820 mil toneladas, e esse valor deve dar um salto de 60% nesse ano”, concluí.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.