Alunos de Pato Branco vão trocar livros e cartas com crianças africanas

Na semana passada, a Escola Crescer recebeu a equipe da Atuação Global, uma associação que atua em 8 países que falam a Língua Portuguesa, entre África e Ásia e incluindo o Brasil. Sua atuação é ampla, com programas e projetos que estão dentro do contexto educacional.

Entre eles, conta a professora Juliana Pompeo Helpa, o programa Educação por Princípios trabalha a formação de professores que atuam em escolas ou projetos de contraturno escolar, oferecendo cursos, assessoria pedagógica e produzindo materiais didáticos e paradidáticos.

Juliana, que já foi 14 vezes para o continente africano, em suas andanças percebe que as principais diferenças entre os países africanos e o Brasil são a cultura, o aspecto socioeconômico e a espiritualidade. “O que nos une é a Língua Portuguesa. Apesar de o sotaque desses países ser mais parecido com o dos portugueses, devido à colonização, nós falamos a mesma língua. Porém, a cultura é diferente. E os aspectos socioeconômicos também. Nós nos deparamos com uma realidade muito contraditória na África”, conta.

A associação atua em situações de extrema vulnerabilidade social ou extrema pobreza, e avalia que, mesmo que no Brasil atendam crianças dentro deste contexto, existe uma grande diferença socioeconômica entre alguém em vulnerabilidade social no Brasil e no continente africano.

“Outra diferença é a maneira como eles processam e professam a sua fé. Muitas vezes elas divergem da nossa realidade, aqui, no Brasil, mas sempre aprendemos muito com eles”, pondera.

Juliana conta que para implementar o programa Educação por Princípios, elaborado pela Atuação Global, e deixá-lo bem consolidado no país, leva alguns anos. “A nossa equipe viaja e permanece cerca de três a quatro semanas em cada local, tempo em que oferece um curso de formação para equipes locais, além de recrutar uma rede de parcerias. Quando voltamos de viagem, continuamos trabalhando com essas pessoas de forma remota, acompanhando o desenvolvimento do programa no país com reuniões online”, explica. Em Guiné-Bissau, diz, o grupo iniciou o projeto em 2014, e hoje conta com uma rede bem consolidada de 40 escolas. “Nosso objetivo agora é que os professores africanos escrevam seu próprio material ao invés de utilizar os desenvolvidos no Brasil, mas isso demora bastante”, fala.

Já em São Tomé e Príncipe, o projeto está apenas no início, com apenas uma escola parceira. “Mas nós não desistimos até formar uma rede de parcerias locais consolidada”.

Além do Educação por Princípios, a associação possui diversos outros programas, como Educação para a Vida e Ensino para a Vida. A Atuação Global também trabalha com projetos de prevenção de abuso sexual, de prevenção ao uso de drogas, além de uma parceria com o Ministério dos Direitos Humanos do Governo Federal, desenvolvendo o programa Vem Viver, para combater a letalidade infantojuvenil no Brasil, onde atuam em 12 estados, nas cinco regiões do país. “São mais de 3 mil crianças atendidas só na área social, além de estarmos em outros contextos também”.

Artesanatos, objetos e fotografias da África que foram compartilhados com alunos da Escola Crescer

Leitura e Aventura

Para as crianças da Escola Crescer, Juliana trouxe um outro olhar sobre uma cultura que elas não conhecem e também sobre uma realidade socioeconômica muito diferente das que elas vivem. “É preciso despertar essas crianças para elas saberem que há um propósito para suas vidas. Nosso objetivo principal é que eles se vejam como alguém que pode fazer algo, mesmo que seja simples, para ajudar outra criança”, fala.

No caso da Escola Crescer, os alunos vão participar do projeto Leitura e Aventura. “As crianças vão doar livros e escrever cartas e nós vamos levar tudo isso para esses outros contextos. Depois, vamos mandar uma resposta para escola, promovendo uma conexão cultural para ampliar os horizontes das crianças.

A coordenadora da Escola Crescer, Franciele Haccourt Cavalheiro, conta que o objetivo de apresentar esse projeto aos alunos é torná-los líderes, mas também servos, sabendo que precisam fazer a diferença no mundo, amando e ajudando o próximo. “Nós falamos que a Crescer é uma escola de amor. A partir dos princípios que ensinamos na escola, os alunos vão levá-los para a sociedade, tanto para quem está próximo deles quanto os que estão longe, nesse caso, na África”, avalia a coordenadora.

A partir desse momento, depois das palestras da equipe da Atuação Global, os alunos vão colocar em prática tudo o que eles escutaram e aprenderam. “Eles vão se comunicar, através de cartas, com os alunos de fora do Brasil. Para nós, é uma forma de trazer para a prática o que ensinamos sobre servir a amar ao próximo, e isso se torna um hábito para a vida”, finaliza.

Quem deseja conhecer mais sobre o trabalho da associação ou mesmo contribuir de alguma forma com esse trabalho basta acessar o site atuacaoglobal.com.br. Lá é possível encontrar todas as informações necessárias, inclusive como abrir um dos projetos na sua cidade.

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