“Quando a gente lançou AmarElo, não chamamos de álbum nem projeto, a gente acha isso muito frio”, conta Emicida. “A gente chama AmarElo de experimento social, que é quando você testa um ideia no mundo real”, revela o rapper. E foi a partir daí que o trabalho surgiu para o público, mas que viria a expandir sua importância ao chegar ao palco do Teatro Municipal de São Paulo. O rap, enfim, ecoaria do palco a todos os cantos do pomposo local, casa da música clássica.
Na plateia, um público pouco habituado a frequentar a casa, vista como restrita a uma classe mais abastada. Mas Emicida quebrou essa regra e levou para dentro do Municipal a sua música e seus fãs. “De alguma forma, a gente cometeu um equívoco e criou uma barreira invisível que distanciou uma pessoa como eu do Teatro Municipal durante muito tempo”, analisa o músico. Ao mesmo tempo, enaltece a importância do hip-hop. “Foi essa cultura que construiu essa ponte e fez com que eu visualizasse e entendesse que aquele teatro clássico, no centro de São Paulo, podia ser uma antena nesse momento, que irradia inspiração e beleza para um país que, nesse momento, é tão carente disso.”
Para Emicida, AmarElo, que recebeu esse título por inspiração em um poema de Paulo Leminski (amar é um elo/ entre o azul/ e o amarelo), é um “respiro” para as pessoas, para a sociedade. E, entre as inúmeras reflexões do rapper, que ama uma boa conversa, surge um questionamento: “é possível transformar os lugares com música?”. E logo vem a resposta. “Pra gente é. Eu sou a prova de que a música pode construir uma ponte de transformação profunda.”
AmarElo, o show e também o documentário, estão disponíveis na Netflix.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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