No Catecismo da Igreja Católica, o Pai-Nosso se conclui com um solene e sonoro Amém! (cf. CIC n. 2855-2856). A doxologia final – Chama-se doxologia – do grego – “palavra de glória”, louvor ou bênção, normalmente trinitária, com que se conclui uma oração ou um hino, – “Porque Vosso é o Reino, o poder e a glória” – retoma, por inclusão, as três primeiras petições do Pai-Nosso: a glorificação do seu nome, a vinda do seu Reino e o poder da sua vontade salvífica. Mas esta repetição faz-se agora sob a forma de ação de graças, como na liturgia celeste. O príncipe deste mundo tinha-se atribuído mentirosamente estes três títulos de realeza, de poder e de glória. Cristo, o Senhor, restitui-os ao seu e nosso Pai, até que Ele Lhe entregue o Reino, quando estiver definitivamente consumado o mistério da salvação e Deus for tudo em todos.
Depois, acabada a oração, dizes: Amém, subscrevendo com esta palavra, que significa “Assim seja”, o conteúdo desta oração que Deus nos ensinou. Pelo “Amém” final, exprimimos o nosso “fiat” = “nosso sim” em relação às sete petições: “Assim seja…” ou “Que isto se faça…” ou “certamente” ou “verdadeiramente” ou “veraz” é amém, palavra com se ratifica um “juramento”. A palavra “veraz” é originária do latim “verace: “Que diz/fala a verdade”. “Em que há verdade”.
Amém, última palavra da Bíblia!
O Credo, como também o último livro da Sagrada Escritura, o Apocalipse termina com a palavra hebraica “amém”. Ouçamos as últimas palavras do livro das Revelações: “Aquele que testemunha tudo isso, diz: Sim, venho logo, amém. Vem, Senhor Jesus. A graça do Senhor Jesus esteja com todos vós. Amém” (Ap 22, 20-21). Ela é encontrada, com frequência, no fim das orações do Novo Testamento. Também a Igreja conclui suas orações com o “amém”.
Em hebraico, a palavra “amém” está ligada à mesma raiz da palavra “crer”. Essa raiz exprime a solidez, a confiabilidade e fidelidade. Assim, compreendemos por que o “amém” pode ser dito da fidelidade de Deus para conosco e de nossa confiança n’Ele. No profeta Isaías, encontramos a expressão “Deus de verdade”. Literalmente, “Deus do amém”, isto é, o Deus fiel às suas promessas: “Todo aquele que quiser ser bendito na terra quererá ser bendito pelo Deus do amém” (Is 65,16). O próprio Jesus Cristo é “o Amém” (Ap 3,14) definitivo do amor do Pai por nós. Ele assume e consuma nosso “Amém” ao Pai: Escreveu o Apóstolo Paulo: “todas as promessas de Deus, com efeito, têm nele (Cristo) seu sim; por isso, é por Ele que dizemos ‘amém’ a Deus para a glória de Deus” (2Cor 1,20).
Por que não se diz “amém” no Pai-Nosso da Missa?
Quando rezamos o “Pai-Nosso”, ao dizer o “amém”, significa que encerramos a oração. Na Santa Missa, após rezar toda a oração, não devemos finalizá-la, porque ela ainda não foi terminada. O motivo é simples, não falamos o “amém” porque a oração ainda não terminou. O Pai-Nosso é a única oração da Igreja que está integrada na liturgia da missa, e nesse contexto ela é o início de uma série de orações. O amém é o ato final de toda oração. Significa que nós esperamos que Deus nos escute e atenda aos nossos pedidos. Enfim, o amém de todos os presentes à liturgia é o testemunho do consenso.
Finalmente, o Papa Francisco escreveu aos católicos no início de 2024: “Me alegra pensar que o ano anterior ao evento do Jubileu, 2024, pode ser dedicado a uma grande sinfonia de oração. Em primeiro lugar, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, de ouvi-Lo e de adorá-Lo. Em que os corações se abram para receber a abundância da graça, fazendo do ‘Pai-Nosso’, a oração que Jesus nos ensinou, o programa de vida de cada um de seus discípulos”. Caros leitores, nossos diocesanos. A oração de Jesus, o Pai-Nosso, já é o conteúdo principal de sua vida, seu programa de vida familiar, religiosos, é a sua grande prece diária? Rezem-no sempre!
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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