O teste positivo de Richardson anulou sua vitória na seletiva olímpica no mês passado em Oregon e, consequentemente, a vaga que havia conquistado em Tóquio nos 100 metros.
Sua suspensão de 30 dias terminará antes do início dos revezamentos em 5 de agosto, o deixara em aberto a possibilidade de ganhar uma medalha como parte da equipe de revezamento nos 4x100m. No entanto, a federação de atletismo americana optou por deixar a velocista de 21 anos fora da equipe. Ela é considerada uma das promessas do atletismo do país e era apontada como uma das favoritas ao ouro nos 100 metros, prova que tem sido dominada pela Jamaica.
Em Tóquio, Richardson tentaria ser a primeira mulher americana a vencer os 100 metros em uma Olimpíada desde Gail Devers, em Atlanta-1996. Em abril, a texana atingiu a marca de 10s72.
A maconha é proibida pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês). Porém, se os atletas provarem que a ingestão da substância não teve relação com sua performance esportiva, a punição é reduzida de quatro anos para três meses. Além disso, a suspensão pode cair para apenas um mês se o competidor em questão estiver disposto a passar por um programa de tratamento aprovado, junto com a organização nacional antidoping.
Richardson testou positivo para um produto químico encontrado na maconha depois de sua vitória em 19 de junho. Ela disse que o estresse gerado pela morte recente de sua mãe biológica, combinado com a pressão de preparação para as provas, a levou a usar a droga.
“Eu estava definitivamente desencadeada e cega pelas emoções, cega pela maldade, e machucada, e escondendo a dor”, justificou ela em entrevista ao programa Today Show, da emissora americana NBC. “Eu sei que não posso me esconder, então de alguma forma, eu estava tentando esconder minha dor”.
O tema começou a ser discutido nas redes sociais, com argumentos a favor e contra a atleta. Enquanto alguns pensam que a corredora deveria se submeter às regras internacionais, outros defenderam Richardson, dizendo que a maconha é aprovada em mais de 19 estados americanos, incluindo em Oregon, onde se deu o doping. Ainda não existem provas de que a cannabis aumenta a performance dos atletas, apesar de ser uma substância proibida pelos órgãos responsáveis.
Nos Estados Unidos, algumas ligas profissionais, como NFL, NHL e NBA, reduziram muito a aplicação das regras em relação ao uso de maconha, com o reconhecimento de que a droga não melhora o desempenho. Contudo, o mundo olímpico continua a testar e punir o uso em algumas circunstâncias. De acordo com agência americana antidoping, além de substâncias que estimulam a melhoria do desempenho, a lista de banidos pode incluir drogas que podem representar riscos para a saúde dos atletas ou violar o “espírito do esporte”.
Na semana passada, o presidente Joe Biden disse que embora estivesse orgulhoso da maneira como Richardson lidou com sua proibição entende que “regras são as regras”.
Em um comunicado, a USATF disse que é “incrivelmente simpática às circunstâncias atenuantes de Sha’Carri Richardson” e “concorda plenamente” que as regras internacionais relativas à maconha devem ser reavaliadas. Mesmo assim, optou por selecionar outra atleta.
“Embora nosso mais profundo entendimento esteja com Sha’Carri, devemos também manter a justiça para com todos os atletas que tentaram realizar seus sonhos garantindo uma vaga na equipe olímpica de atletismo dos Estados Unidos”, diz outro trecho do comunicado.
A USATF convocou seis velocistas para sua equipe feminina de revezamento 4x100m. As quatro primeiras colocadas dos 100m – Javianne Oliver, Teahna Daniels, Jenna Prandini e Gabby Thomas – automaticamente entraram para a equipe de revezamento. Além disso, foram selecionadas English Gardner e Aleia Hobbs, quinta e sexta colocadas na seletiva olímpica, para as duas últimas vagas.
Para tentar manter a sua vaga nos Jogos, a corredora pode recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), que pode considera que a pena foi muito dura e reduzi-la ou até retirá-la.
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