Envolvida na Operação Lava Jato, a construtora estava tendo dificuldades para se reerguer sobretudo com o ritmo mais lento da economia. Desde então, vinha renegociando as dívidas e prorrogando prazos de pagamentos. Em dezembro de 2020, conseguiu postergar um vencimento de títulos emitidos no exterior, mas que precisava ser equacionado logo.
Se conseguir fechar a transação com a IG4, todo o dinheiro será destinado ao pagamento de 95% da dívida, de cerca de R$ 5 bilhões. Em comunicado divulgado ontem, a empresa estendeu a proposta aos demais acionistas da CCR (Mover, ex-Camargo Corrêa, e Soares Penido), que têm preferência de compra das ações. Se não houver interesse e as autoridades responsáveis autorizarem o negócio, a fatia da Andrade será vendida à IG4.
Segundo fontes ligadas ao negócio, as conversas para a compra da participação da construtora na CCR já vem de algum tempo, mas se intensificaram nos últimos dois meses. No ano passado, a gestora já havia comprado um hospital da Andrade Gutierrez, em Belo Horizonte (MG), o que estreitou as relações entre as duas organizações.
Com a venda da CCR, a Andrade equaciona sua dívida e passará a focar suas atenções nos ativos que restaram em seu portfólio. Além da empreiteira, que faturou no ano passado R$ 3 bilhões, ela mantém participação de 50% no estádio Beira Rio, 1% na Hidrelétrica Santo Antônio e 51% em fábrica de torres eólicas instalada em Jacobina (BA).
Compradora
Do outro lado, a compra a CCR dará um salto de quase 80% na carteira da IG4. Criada em 2016, a gestora IG4 administra algo em torno de US$ 1,1 bilhão em ativos – cerca de R$ 6 bilhões. O portfólio da empresa inclui a Opy Health, que administra hospitais; o Corredor Logística e Infraestrutura (CLI), que detém participação no Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram); e a Iguá, que acabou de ganhar um bloco de concessão da Cedae, por R$ 7,2 bilhões.
Além disso, a empresa de private equity fez no mês passado uma proposta para adquirir participação em holdings que são acionistas na mineradora chilena de lítio Sociedad Química y Minera de Chile (SQM). A proposta, de US$ 916 milhões, terá de ser respondida até 14 de maio. Se conseguir fechar o negócio, a gestora se transforma numa das maiores produtoras de lítio do mundo – o produto é uma importante matéria-prima para a fabricação de baterias e placas solares.
No passado, a IG4 já tentou adquirir a Invepar e o Aeroporto de Viracopos. Em ambos os casos, não obteve sucesso. No primeiro caso, por se tratar de um ativo complexo, com várias indefinições sobre as concessões administradas. E o segundo porque o governo decidiu relicitar a concessão do aeroporto de Campinas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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