“Estávamos considerando estabilização a partir do segundo semestre de 2022, porém temos uma atualização indicando que isto só deve acontecer em 2023. Portanto, 2022 continuará sendo um ano de grandes desafios na questão da entrega de semicondutores chips ao setor automotivo”, comentou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em entrevista coletiva.
A previsão tem como base um acompanhamento periódico que vem sendo feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) e que agora estima em mais de 5 milhões de unidades o total de veículos que deixarão de ser produzidos no mundo inteiro no ano que vem em razão da falta de componentes eletrônicos. A regularização completa do abastecimento de semicondutores, o item que para as fábricas de carros, não deve acontecer antes de 2023, segundo conclusão do estudo.
Moraes sustentou que o setor faz esforços para encerrar 2021 com número melhor de produção para atender o mais rápido possível os pedidos. Entre os principais clientes, a intenção é entregar mais de 70 mil carros para as locadoras nos últimos dois meses do ano, fechando o ano com um total de 400 mil veículos ao setor, de onde partiram as maiores reclamações públicas pela longa fila de espera.
A crise no abastecimento, no entanto, piorou com a greve dos caminhoneiros, ao dificultar a retirada de peças no Porto de Santos, podendo levar a novas interrupções de produção nas montadoras num momento em que elas não conseguem recompor estoques, hoje suficientes para apenas 17 dias de venda, com menos de 100 mil veículos nos pátios de concessionárias e fábricas.
Mais afetadas pela escassez de componentes eletrônicos, as linhas de carros de passageiros tiveram no mês passado o pior outubro em produção dos últimos 20 anos. As fábricas de caminhões também são afetadas, mas, por consumirem semicondutores em menor escala, conseguem administrar a situação com menos prejuízo, tanto que neste ano a produção no segmento está sendo a maior desde 2013.
A direção da Anfavea destacou nesta segunda-feira os efeitos da greve dos caminhoneiros, que, ao dificultar o desembaraço de cargas no Porto de Santos, no litoral paulista, está agravando o quadro de desabastecimento nas linhas de montagem de veículos.
Luiz Carlos Moraes adiantou que a situação, que afeta tanto fábricas de carros quanto de caminhões e tratores agrícolas, pode levar a paradas de produção no setor. “A liberação das peças que estão no porto de Santos é fundamental para a gente poder acelerar e continuar montando os veículos que estão incompletos nas nossas organizações”, comentou o executivo.
Segundo relatou Moraes durante apresentação dos resultados da indústria automotiva em outubro, várias montadoras vêm tentando liberar mercadorias desde o fim de semana, mas a dificuldade de acesso ao Porto de Santos persiste. “É mais um fator que pode afetar a produção. Existe, sim, risco de paradas de produção agora por conta da greve dos caminhoneiros no porto de Santos”, afirmou Moraes, lembrando que, há meses, o funcionamento das linhas de montagem já vêm sendo prejudicado pela irregularidade no abastecimento de componentes eletrônicos – dada a escassez global de semicondutores.
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