Sabemos todos que este ano de 2025 foi proclamado pelo Papa Francisco como o Jubileu da Esperança e, por isso mesmo, vale a pena refletir sobre os dois aspectos desta comemoração: por um lado, trata-se de um ano jubilar, e por outro, o grande tema proposto à meditação é a virtude teologal da esperança.
A tradição de se proclamar anos jubilares foi iniciada pela Igreja Católica na Idade Média, mas ela possui inspiração bíblica no Antigo Testamento. De fato, a Lei de Moisés previa a ocorrência de um “jubileu” a cada 50 anos, quando as dívidas pendentes seriam perdoadas, e as propriedades seriam restituídas aos seus donos originais (Lv 25, 8ss). O nome “jubileu” vem do hebraico yobel, “chifre de carneiro”, usado como trompete para indicar o início do ano jubilar, e o intervalo de 50 anos era obtido no ano após cada intervalo de sete vezes sete anos.
Inspirado nesta antiga prescrição, o Papa Bonifácio VIII proclamou o primeiro jubileu católico no ano 1300, e a tradição foi aos poucos se estabelecendo de proclamar jubileus periodicamente, até chegar ao padrão atual de 25 anos. Além desses jubileus com datas fixas, que chamamos “ordinários”, os Papas podem também proclamar jubileus “extraordinários” por motivos particulares – como foi o caso do Jubileu da Misericórdia de 2015-2016, e do esperado Jubileu de 2033, comemorando o segundo milênio do Mistério Pascal.
Independentemente de serem ordinários ou extraordinários, os jubileus são para nós, católicos, ocasião para renovarmos nossa fé em Deus, buscarmos ganhar indulgências e o perdão dos pecados. Para isso, são propostas uma série de iniciativas: peregrinações ou visitas piedosas aos lugares sagrados do jubileu, obras de misericórdia e penitência.
O outro aspecto deste Ano Jubilar que vale a pena destacar é seu tema: a virtude teologal da esperança, a “virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo” (Catecismo da Igreja Católica, CIC 1817).
O que é próprio da esperança, e que a distingue do mero otimismo humano, é a certeza de que a nossa felicidade está na vida eterna do Céu e não em qualquer projeto mundano de bem-estar pleno que pretenda saciar as nossas aspirações mais profundas aqui nesta terra. Nem os sistemas político-econômicos, nem os avanços tecnológicos jamais serão capazes de satisfazer o coração humano.
Justamente por isso, porque o objetivo da esperança vai muito além de um projeto humano de bem-estar, só alcançaremos esta felicidade com a graça do Espírito Santo; pois, se nos apoiarmos em nossas próprias forças, nada conseguiremos fazer.
Celebremos, então, com grande alegria este Jubileu: caminhemos serenos em meio às incertezas e apreensões deste mundo, sabendo que nossas vidas estão nas mãos amorosas e fortes de Deus, que governa a história e a conduz para o bem.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
Comentários estão fechados.