“Vou à CPI demonstrar o que tenho feito aqui no Ministério da Saúde nesses mais de 60 dias que assumi o cargo, eu tenho a consciência tranquila que tenho trabalhado pelo povo brasileiro para vencer a pandemia da covid-19. O meu papel é de conciliar todos esses ambientes de divergências que há no contexto sanitário para que nós nos foquemos no que é essencial. E o que é essencial? Vacinar a população brasileira. Todas essas outras questões laterais, elas não têm importância. Eu só tenho um objetivo: vacinar os brasileiros até o final do ano. Eu acredito que só assim daremos fim à pandemia”, disse Queiroga em entrevista à GloboNews na saída do ministério a caminho do Senado.
Sobre a não confirmação da médica Luana na sua equipe, Queiroga agora trouxe para si a responsabilidade pela desistência da nomeação. Antes, eles havia dito que faltou convergência política em torno de sua indicação, sugerindo que o Palácio do Planalto havia barrado o nome de Luana, defensora da ampla vacinação e contrária ao chamado tratamento precoce contra a covid-19, com o uso de medicamentos como a cloroquina, como é preconizado pelo presidente da República.
No depoimento prestado à CPI, Luana Araújo afirmou que “qualquer pessoa”, independente de cargo ou posição social, que defende métodos sem comprovação científica para o tratamento de doenças, tem “responsabilidade sobre o que acontece depois”. A médica também reforçou que a autonomia médica, apesar de fazer parte da prática, “não é licença para experimentação”.
“A doutora Luana não foi nomeada. Isso é uma incumbência, uma atribuição do ministro da Saúde, que tem a discricionariedade técnica para escolher a sua equipe. A despeito dela ser uma pessoa muito qualificada, de ter contribuído aqui conosco, ajudando, por exemplo, no protocolo da testagem, nós entendemos que neste momento o nome dela não seria o melhor nome para promover a conciliação entre os médicos que eu quero promover”, disse o ministro.
Questionado sobre a declaração anterior de que a falta de convergência política teria impedido a nomeação de Luana, Queiroga disse se referir à política médica e não necessariamente à política partidária. “Nós precisamos arbitrar esse processo com pessoas que tenham uma certa isenção em relação aos temas que são ali discutidos. É obvio que vivemos no presidencialismo, que o presidente é o chefe do Estado e o chefe da Nação, mas eu tenho a confiança do presidente da República para conduzir essa situação sanitária complexa”, reforçou.
Além da polêmica entorno de Luana Araújo e de sua autonomia na pasta da Saúde, Queiroga também deve responder aos senadores sobre a realização da Copa América no País, sobre o ritmo de vacinação e, de novo, sobre a postura do presidente Bolsonaro na pandemia.
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